domingo, 30 de dezembro de 2018

MENDIGO

Adaptação de uma historieta de “101 storie Zen”



Um famoso mestre de Zen, já velho e cansado, decidiu parar de pregar e Afastou-se para morar debaixo de uma ponte e viver como mendigo. Seus discípulos lamentaram essa decisão e o procuravam por toda parte. Até que um dia, um deles o encontrou e pediu para acompanhá-lo.
“Vivo como mendigo e moro debaixo de uma ponte.”
“Vou acompanhá-lo por toda a minha vida.”
“Como quiseres, mas sei que não vais suportar.”
Assim, passaram a viver debaixo da ponte, junto com outros mendigos que compartilhavam do local.
Uma semana depois, morre um dos mendigos. Preparam o funeral e à noite, levaram-no para uma montanha e o enterraram. Voltaram para a ponte e dormiram o resto da noite. No dia seguinte, ele disse para o discípulo:
“Hoje não precisamos mendigar. O nosso amigo, que morreu ontem, deixou o resto de sua comida em boa quantidade. Vamos agradecer e aproveitá-la.”
O fervoroso discípulo passou o dia sem nada comer. Meditou toda a noite e na manhã seguinte, despediu-se do grande mestre.
“Que posso dizer, prezado Mestre?”
“Não diga nada. Segue!”

Referência
Adaptação: Niogen Senzaki e Paul Reps. Adelphi Edizioni.1973 – Milano – Itália
Tradução Rogério Alvarenga 2009 – Belo Horizonte - Brasil

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

ESPELHAMENTO EM PNL

A gentileza é um hábito social. A finesse, palavrinha de origem francesa, abre oportunidades sem limites. A gentileza e a finesse abrem corações de ferro. Custa muito? 

Uma entrevista ou uma conversa informal tem por meta alcançar entendimentos e até amizades consistentes. Seja lá com quem for. Em qualquer lugar e em qualquer oportunidade, sem exceção. De que maneira? 

Uma das iniciativas de Richard Bandler e John Grinder, ao sistematizar o formato da modelagem na PNL (Programação Neurolinguística), foi pesquisar as melhores maneiras de se obter sucesso nas relações interpessoais. A observação dos procedimentos de pessoas que obtinham melhores resultados nesse campo resultou na criação das técnicas de calibração e, principalmente, de espelhamento. 

A técnica do espelhamento consiste em manter atitude semelhante ao interlocutor. Pode parecer fácil ou simples, mas há cuidados e detalhes a serem observados. Antes de tudo, há que ser um observador com acuidade perceptiva bem focada. Ter focada a observação visual, auditiva e cinestésica. Sem perder nada.


No campo visual, deve-se acompanhar as feições do rosto do entrevistado, suas emoções, seu modo de olhar, até o modo de respirar. Acompanhar o seu respirar, no mesmo ritmo. Difícil? Depende de a pessoa estiver atenta e mesmo em transe hipnótico leve. Isso mesmo. Em qualquer entrevista ou mesmo conversa entre amigos ou familiares, um transe hipnótico leve ocorre sem se pressentir. Se não ocorrer, o fracasso é imediato. Assim, cumpre manter as mesmas maneiras de comportar que o seu entrevistado. Tudo isso sem que ele perceba que está sendo imitado ou espelhado. Se olhar o relógio, mesmo discretamente, quebra-se o rapport. Não deve nem desviar o olhar para qualquer coisa. 

No campo auditivo é importante ouvir tudo que o entrevistado falar. Entender e concordar. Nada de contestar ou discordar. A contestação ou discordância de qualquer ponto de vista é fatal. Quem está sendo entrevistado tem o direito de dizer o que pensa em toda a sua plenitude. Ele tem a palavra e para isso está sendo entrevistado e ouvido. O tom de voz deve ser acompanhado. A característica da voz e da gramática deve ser privilegiada. Isso mesmo. Se ele pronunciar uma palavra de modo inadequado, acompanhe-o. Se ele pronunciar “adevogado”, por exemplo, use assim esse vocábulo quando tiver oportunidade. Acompanhe-o nos vícios de linguagem e mesmo num leve sotaque nos “esses e erres, s e r”. De leve, com sutileza, para que ele não perceba. (A confiança e participação vêm nas pessoas que se parecem conosco.) 

Na cinestesia há o cuidado de manter a mesma postura física, o mesmo movimento com as mãos, a mesma movimentação geral. Há pessoas de pouco movimento, outras mais agitadas. Qualquer que seja, tem sua característica revelada. Acompanhe-a.


Em conclusão: seja entrevistado ou entrevistador, o espelhamento vai ajudar a encontrar um entendimento. Numa conversa informal, familiar, os papéis se misturam e cada um, pode procurar espelhar o outro, alcançando-se pleno entendimento, em harmonia e gentileza. 

Observação: a técnica do espelhamento, em princípio, facilita e favorece o entendimento entre pessoas. É também um recurso que pode ser utilizado para obter o consentimento e aceitação de ideias ou preceitos. Nos negócios ou transações comerciais chegam-se a bons resultados. Os políticos são um exemplo de praticantes.



Referências 
Apostilas do curso de Master em PNL do professor Walter di Biasi 
Zeig, Joffrey K. Seminários didáticos com Milton H. Erickson. Livraria, editora, promotora de eventos. Campinas SP, 1995 
Debates e discussões pertinentes a espelhamento 
 


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

RESSIGNIFICANDO

Os seres humanos são submetidos a situações complicadas a cada dia e a válvula de escape é mesmo reinterpretar a realidade para o bem de sua saúde mental. 

Ressignifcando, em PNL (Programação Neurolinguística), é, em princípio, uma técnica que estuda o fato de uma pessoa interpretar acontecimentos por uma ótica que lhe convém. Faz a sua terapia e navega sobre consequências que lhe parecem mais adequadas. 
Esta reinterpretação de fatos está aberta para todos. Por isso, saber utilizar essa técnica pode abrir novos caminhos para o ajustamento pessoal. 
O que precede esse estudo vem do “aliquid pro aliquod” – isto por aquilo. Uma coisa pela outra. Quando uma pessoa diz que pagou um milhão em imposto de renda significa que ela está ganhando muito dinheiro nas suas atividades profissionais. Isto significa ou isto quer dizer. Uma reinterpretação. Não é só isso, assim tão simples. Muitos fatos agravantes para uma pessoa podem ser lidos por ele de forma diferente. Os presídios estão cheios de inocentes. 
Nem tudo está perdido. Há situações mais brandas em que as pessoas, na procura de justificativas, encontram um caminho mais suave para se salvar da condenação pessoal. Mesmo sem muito esforço, pode encontrar apoio para um novo itinerário, para sua reestruturação e para alcançar mudanças nos rumos de sua vida. E seguir em frente, com sucesso.
Cita-se uma fábula de um camponês, muito simples, que tinha um só cavalo e com ele arava a terra para o cultivo e, assim, conseguia a sua subsistência. Num dia, vieram lhe dizer que o cavalo tinha fugido. O camponês respondeu: “sim!” Passados alguns dias, vieram lhe contar que o seu cavalo tinha voltado e que trouxera com ele alguns cavalos selvagens. A isso, o camponês disse: “sim”. Dias depois, o seu filho cai do cavalo o quebra a perna. A isso, o camponês disse: “sim”. Logo depois, chegaram militares, recrutando jovens para a guerra, e encontraram o jovem com a perna quebrada e, por isso, foi dispensado. Novamente, o camponês disse: “sim!”. Houve constante reversão da expectativa, uma outra visão quanto aos fatos. 


Há pessoas que assistiram ao filme italiano, “ A vida é bela”, estrelado e dirigido por Roberto Benigni. O filme traz modelos dessa técnica, “Ressignificando”, em várias cenas contundentes no seu desenrolar. É um filme que trata de um judeu, Guido, e seu filho, Giosuè, em 1939, presos, em pleno período de guerra, na Itália. Guido e o filho vão para um campo de concentração. Guido ressignifica tudo para evitar constrangimento a seu filho, e transforma cada situação em um jogo com o filho e combinaram as regras do jogo. Quem fizer mil gols terá um prêmio: um tanque de guerra. Prêmio que a um simples homem preso seria impossível alcançar. As infelicidades diárias fazem parte do jogo. E brincam com a vida e a morte, transformando cenas dramáticas em situações próprias das regras do jogo. E vivem ressignificando. No final, em cena dramática, de iminente perigo, Giosuè se esconde, como numa estratégia do jogo, e é resgatado por um batalhão americano que o salva e o transporta, vitorioso, vitorioso sim, num enorme tanque de guerra, como seria um troféu do jogo imaginado. Muitas cenas do filme são exemplos vivos de ressignifiação, num claro modelo de modificação da realidade em função de outra interpretação dos acontecimentos. Autoterapia disponível para uso diário. 
Ressignificando, mudam-se as condições adversas da vida, com outra percepção e com outra perspectiva para mudar os rumos e as metas a atingir. Acreditar que tudo tem fases e facetas alternadas, formas e figuras matizadas e que cada pessoa tem régua e compasso para medir, avaliar e propor enfrentamentos e, sobretudo, que nada é impossível, quando se quer. Assim já o disse Jimmy Cliff: “You can get it, if you really want”. Não acreditar em fantasmas! Tudo tem jeito. Eis a maior força positiva dessa técnica, Ressignificando. 
Os seres humanos são submetidos a situações complicadas a cada dia e a válvula de escape é mesmo reinterpretar a realidade para o bem de sua saúde mental. Há pessoas que transformam situações mais delicadas do decorrer da vida afetiva ou profissional, em abrandamento ou em eufemismos até mesmo fora do contexto. Uma irregularidade administrativa pode ser transformada em perseguição política, segundo a ressignificação que achar mais conveniente para si. O convencimento interior torna-se uma forma de terapia. Solidifica, confirma e convence. 




Referências
Apostilas do curso de Master em PNL do professor Walter di Biasi. 
Interpretações referentes ao tema Ressignificando, em discussões e debates de participantes. 




quinta-feira, 8 de novembro de 2018

HACKER OU CRACKER – OS ANTI-HERÓIS


Da ficção à realidade: Chegou o sexto poder?
Fim da privacidade. Sorria, você está sendo filmado!


É um indivíduo que se dedica, com intensidade incomum, a conhecer e modificar os aspectos mais internos de dispositivos, programas, e redes de computadores. Com esses conhecimentos, um hacker, frequentemente, consegue obter soluções e efeitos extraordinários. 

Podem mesmo se encaixar no estereótipo de “nerd” ou “geek”. Suas motivações são muito variadas, incluindo curiosidade, necessidade profissional, vaidade, espírito competitivo, patriotismo, ativismo ou mesmo crime. 

Os hackers que usam seu conhecimento para fins ilegais ou prejudiciais são chamados crackers. Os crackers são pessoas aficionadas por informática que utilizam seu grande conhecimento na área para quebrar códigos de segurança, senhas de acesso a redes e códigos de programas com fins criminosos. Em alguns casos, o termo “Pirata Virtual” é usado como sinônimo para cracker. 

E quanto custa um hacker? Bons salários das grandes empresas. O mercado de trabalho está se abrindo muito rapidamente para esses profissionais, a fim de se protegerem de atos ilegais e de invasão de privacidade pessoal e profissional, principalmente no campo financeiro. 

A sociedade internacional está acordando. A privacidade pessoal também está indo para o brejo. Madame Bovary, o romance dos romances, escrito pelo francês, Gustave Flaubert, voltou à moda. Madame burguesa virou o quê? Nas alcovas dos motéis há câmeras e olho vivo. E “sorriam, que a senhora e o senhor estão sendo filmados”! Em qualquer lugar que forem ou ficarem. 

Os grandes aglomerados colocam catracas nas entradas dos prédios e edifícios residenciais, câmeras para controle, portarias informatizadas, mas nada disso supera a ação dos hackers, que têm “olheiros” que mandam fotos imediatas e documentação completa do que interessar possa. São remunerados por esse fino trabalho. 

Os pecados mortais são analisados não mais por São Pedro. Ficam com os olheiros que distribuem fotos e informações a preço de ouro. A beleza da foto não é o fundamental. Vale quanto representa em posição social ou econômica. 

Há uma crença de que um hacker mata o outro. Um hacker mata o outro? Prendem-se dois hackers numa jaula. No dia seguinte a jaula está vazia. Que aconteceu? A interpretação é inevitável: um matou um e o outro matou o outro. Antropofagia? Saem abraçados e invisíveis. Onde você pensa que vai ou que foi? Seus passos estão marcados na poeira do espaço. Nada escapa. Seus gestos, seu sorriso, seu suspiro, seu perfume.

Mas, da mesma forma que essas tecnologias trazem inovação e valor ao negócio, carregam riscos, apresentados no Controle Absoluto. São algorítimos criados para escolher e decidir  por você.  Há olheiros em todos os guetos, nas ruas, portarias, clubes e até nas festinhas de aniversários de crianças. Estações, agrupamentos de qualquer natureza. Nas sacristias das igrejas, nas salas de aulas, nos consultórios médicos, nas padarias, nos supermercados, nas farmácias. Onde estiver haverá um olho biônico em suas costas, te seguindo como uma sombra invisível. Nos tribunais, o bicho pega. Não adianta dizer que não sabia, porque, mesmo no vento, a imagem não apaga. Quer mais? Acredita? Não adianta vestir o casaco de invisibilidade porque ele mesmo faz a denúncia. 


O próximo ataque pode acontecer em minutos, e não será um filme de ficção. Os usuários são móveis. 




quarta-feira, 31 de outubro de 2018

MODELAGEM NA PNL

 Cada povo ou nação tem os seus modelos, permanentes ou temporários, e por eles se miram. se comportam e se definem.




Richard W.Bandler, (1950, New Jersey, EUA) o criador da PNL (Programação Neurolinguística), iniciou suas pesquisas procurando padronizar uma metodologia para a modelagem. Posteriormente, associou-se ao professor de Linguística, John Grinder, (1940) para, juntos, encontrar e fundamentar a estrutura básica da própria PNL. A modelagem foi, por assim dizer, o ponto de referência e de partida.

INTRODUÇÃO
O ser humano, querendo ou não, consciente ou inconscientemente, está sempre a cata de modelos. Com isso, a modelagem inicia-se no leite materno. Segundo Freud, a estrutura da personalidade do ser humano está formada até os três anos de idade. Seria como se fosse o alicerce de uma casa. Daí pra frente, as condições socioculturais vão dar sequência àquilo que ele estabeleceu em sua planta de casa. Palacete ou choupana. Tudo vai depender dos modelos que ele encontrar no seu desenvolvimento: encontrar, aceitar, admirar, incorporar e entronizar.
Assim, ninguém deixa de ter um modelo na sua passagem de criança a adulto. Do herói ao anti-herói. Ou melhor, qualquer vilão pode ser um herói, um modelo, para um outro ser humano. Vai admirá-lo e entronizá-lo nos conceitos, princípios e comportamentos.
Em situações de desenvolvimento, a criança passa a admirar os pais e a confiar neles. Identifica, reconhece e aceita a sua condição social e financeira. Nesse processo, passa a valorizar com mais admiração o pai ou a mãe. Modelando sempre.

NA SOCIEDADE
O teatro da vida abre suas cortinas para o público em geral e cada pessoa admira o comportamento, os princípios e valores de algum ator ou atriz. Julga: condena ou absolve. De qualquer maneira, está chamuscado por alguma tintura. Seus modelos interiores falam mais alto nos julgamentos. Não há escapatória. O tribunal interno está em pleno funcionamento dia e noite. Esse tribunal é inevitável. Assim ocorre em termos de religião, política ou esporte, etc. Modelagem ao vivo.


MODELAGEM INTENCIONAL
Este tipo de modelagem vai surgir em função de interesses pessoais. Modelar uma pessoa de sucesso, de alto conceito intelectual ou físico tem as suas barreiras e limitações. Pode-se modelar o terapeuta, Lair Ribeiro, em vários segmentos ou atitudes. O tom de voz, o modo de vestir, a gesticulação, as expressões faciais, o modo de andar, a finesse no tratamento interpessoal, o brilho dos olhos, etc. Mas o conteúdo de suas palestras? Isso é outro lado da medalha. A experiência profissional, a formação em medicina, os estudos e o sucesso na vida afetiva e profissional não está no jogo. Se tal modelo está livre, o modelador teria que se graduar em medicina, exercer a profissão e depois, julgar-se semelhante a Lair Ribeiro. Semelhante ou parecido. Nunca igual. Um jogador de futebol pode modelar o famoso Pelé, podendo alcançar até melhores resultados do que o próprio mestre. Assim evolui a humanidade. Antes de tudo, surge a admiração.


TÉCNICAS DE MODELAGEM
Para a realização da modelagem intencional seguem-se técnicas que a PNL preconiza, baseando na sistematização de Richard Bandler e John Grinder. Organizaram fases de observação integral ao modelo. Foram sistematizadas as técnicas de CALIBRAÇÃO e de ESPELHAMENTO, em decorrência. Detectaram, ainda, formas de comunicação verbal para o sucesso das atividades profissionais, terapia gestalt e terapias breves, fobias etc. Nessas pesquisas, não se referem à Semiótica em suas linhas conceituais, mas chegaram a pontos muito próximos. Valorizaram a linguagem, antes mesmo que linguística, que é apenas uma vertente da Semiótica. Na modelagem, tudo fala. A linguagem, a voz, o tom de voz, finalmente, a própria fonética. Tudo produz indícios, que os alfabetizados atentos e focados conseguem ler ou decodificar. Por isso mesmo, a modelagem é a própria vida. Cada povo, em sua nação, escolhe seus modelos, mitos, heróis, ícones e símbolos, permanentes ou temporários e, por eles, se miram, se comportam e se definem. De Jesus a Judas.

Obs. As informações e as interpretações não podem se restringir a um círculo de giz (*). A extrapolação é a abrangência e a elasticidade do conhecimento. Na campimetria visual, dimensiona-se a extensão da percepção. Há espelhos para todos se mirarem. 

(*) circulo de giz – um método de abate do peru que era utilizado no interior Brasil, onde a ave ficava embriagada e presa num circulo desenhado no chão.



Referências
Apostilas do curso de Master em PNL do professor Walter di Biasi
BOONE.R.Daniel. Sua voz está traindo você? Editora artes médicas sul ltda.Porto Alegre, 1991.

sábado, 27 de outubro de 2018

RAPPORT

RAPPORT - Palavrinha de origem francesa, capaz de abir a caixa preta de sentimentos e emoções.


A PNL ou Programação Neurolinguística – foi criada e desenvolvida na década de 70, na Universidade Santa Cruz – Califórnia (EUA). A fonte inspiradora de sua criação, ou do seu descobrimento, foi o interesse na modelagem.

Modelagem? Sim, verificar modelos de pessoas de sucesso e procurar identificar seus padrões de comportamento. Como essas pessoas trabalhavam e como desenvolviam suas atividades no dia a dia. Um método de observação ou de imitação. Copiar, no sentido mais exato. Daí, foi elaborada a técnica do espelhamento. 

Não seria conveniente imitar pessoas de baixo rendimento ou  pessoas que não tinham sucesso nos seus empreendimentos. Parece óbvio, mas isso foi a ponta do iceberg. Daí começou tudo. Um lado da neuropsicologia e outro da linguagem. E muita observação e sistematização de resultados.

Vários pontos de relevância foram detectados. Estabeleceram-se técnicas para alcançar os melhores padrões de resultados. Para início de uma conversa, nada seria mais importante do que a técnica do RAPPORT. Uma palavrinha de origem francesa que significa  “relacionamento”. Aqui, busca-se “bom relacionamento”.

Antes de se iniciar qualquer atuação, abordagem ou tratamento, um bom relacionamento é fundamental. Sem isso, como diria popularmente, “tudo vai para o brejo”. Conta-se que para trazer um bezerro ao curral, leva-se uma garrafa de leite. Por isso, abro este estudo, fazendo algumas observações sobre o rapport.

RAPPORT - Qualquer abordagem interpessoal inicia-se com uma conversa qualquer, fora do contexto, mas que o visitante o  traz em sua bagagem mental.

PRIMEIRA PALAVRA - Antes, um “bom diiiia”. Observe que o tom de voz e a entonação desse “bom dia” vêm carregados de sentimentos identificáveis imediatamente por qualquer pessoa. Há muitas espécies de “bom dia”. Do ríspido, do autoritário, do agressivo, do formal, do amigável, do receptivo, do doce, do veludo e do mel. Por isso, qualquer pessoa, criança ou adulta, identifica o invólucro dessa simples saudação inicial. Algumas pessoas pensam que não há necessidade de tantas reverências. Mas são duas palavrinhas só e precisam ser envolvidas em cores e sabores especiais. Daí pra frente, tantas coisas vão depender disso. Isso faz parte da linguagem, simplesmente. Nem é linguística. Custa caro?

CONTINUANDO - Continuando com esse “bom dia”. O rosto das pessoas não mente. O visitante, cliente, amigo, familiar, ou quem quer que seja, decodifica seu estado interior de forma imediata, total e verdadeira. Os músculos da face dizem tudo o que a pessoa pensa. As expressões fisionômicas falam. Por isso mesmo, esse “bom dia” vem com as cores e os sabores de sua mente. Fotografados. Pense nisso.

CONTINUANDO O RAPPORT – Depois do “bom dia” quem está recebendo a visita, deve abrir a sua caixa de receptividade. “como vai? Tudo bem? Muito prazer em te ver, etc”, convidando para entrar e sentar. Movimenta-se. Culturas orientais exigem reverências e curvaturas da coluna. 

ORELHA EM PÉ – Entrar num transe leve, ou, concentrar-se totalmente, inteiramente. O visitante vai falar alguma coisa. Deixe-o falar. O papo inicial é uma fita gomada. Deve descobrir uma referência qualquer desse visitante e agarrá-la para formular uma pergunta simples para inicio de conversa. Isso significa que o assunto inicial deve ser trazido pelo visitante. 

INÍCIO DE CONVERSA – Esse início de conversa é informal e nada tem a ver com o assunto a ser tratado. Não se deve polemizar nem discordar em nada do que o visitante disser. Simplesmente estar ligado ao assunto, sem dar o seu  próprio parecer, ficar em sintonia, e focado. Ouvir tudo e com total atenção.

DURAÇÃO DO RAPPORT – Essa conversa inicial tem um tempo de terminar para, logo depois, tratar do assunto relevante da reunião ou visita. O assunto vai esfriando e aproveita-se para entrar no tema principal. Tem um limite de tempo. Um rapport longo ultrapassa a sua necessidade e perde-se tempo. Pode tornar-se monótono.

QUEBRA DE RAPPORT – Basta olhar o relógio, mesmo disfarçadamente, que o rapport vai por água abaixo. Quebra-se o transe. Atender celular, nem pensar. Olhar para fora, nem pensar. O rapport é um fio muito tenro e quebra-se ou rompe-se facilmente. É uma linha que vai abrir um relacionamento. Todo cuidado é pouco. Recomeçar é sempre mais difícil.

UM BOM RAPPORT – É meio caminho andado para o sucesso. Dele podem surgir boas amizades.

VIGÊNCIA DO RAPPORT – Um bom rapport pode ter vida curta e desaparecer  nessa primeira visita. Ele seca naturalmente. Entretanto, em alguns casos, um rapport pode permanecer vivo por muito tempo ou por muitos anos. Assim, o visitante encerra um negócio, mas pode iniciar uma amizade duradoura. Daí pra frente, o pré-rapport permanece vivo no inter-relacionamento de pessoas ou grupos.



Referência
Apostilas do curso de Master em PNL do professor Walter de Biasi., 1994. Belo Horizonte

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

CRÍTICA LITERÁRIA

MACHADO, Santiago, Silviano. Cia das Letras, 1ª Ed. 418 pag. São Paulo, 2016. 



O romance do Silviano Santiago foi tão premiado pelos jabutis da vida e tão referendado que eu, como mineiro, me vangloriei em princípio. 

Tanto falaram dele, em páginas inteiras publicadas no jornal Estado de Minas que a obra vem alcançando outras tantas referências elogiosas. Esses jornalistas recomendam e vasculham a obra do autor. Falam de Stela Manhattan e Machado, principalmente entre os seus 90 outros. 

Os jornalistas afirmaram que leram e avaliaram tão bem esses livros que eu fui logo à livraria garantir os meus exemplares, antes que se esgotassem. 

Em primeiro lugar, fui me extasiar com o Stella Manhattan. Infelizmente, o assunto não me garantiu chegar ao final. Queria tanto estudar mesmo o romance Machado. 

Minha expectativa ao pegar livro do nosso mineiro Silviano era conhecer alguns aspetos emocionantes da vida de Machado de Assis. Tentei me controlar para fazer uma leitura da maneira que fazia quando lia Jorge Amado. 

As primeiras páginas foram me colocando numa realidade que não imaginava. Fui indo e vi que não estava saindo do lugar. Peguei um bonde e o bonde não ia nem vinha. Que faltava? 

No emaranhado da esquizofrenia literária, resolvi consultar o Dicionário da Medicina Popular, muito recomendado no livro e garantido nos meados do século 19. 

Por ele, graças ao bom Deus, aprendi a diagnosticar, sem medo de errar, todos os sintomas da epilepsia. Valeu tanto que fiquei na página 56, sem precisar de chegar ao fim do livro, porque não tinha mais necessidade. 

Valeu e garantiu o retorno do meu investimento. Apenas me ficou na mente um resíduo do soneto do Machado: “teria mudado a literatura ou mudei eu?”


sábado, 29 de setembro de 2018

OS LIVROS


Os livros são os veículos que transportam as informações e o conhecimento da humanidade, através dos séculos. Portanto, inegavelmente, são impulsores do desenvolvimento humano.


Uma reverência imediata a Johannes Gutemberg (1398 - 1468), em reconhecimento pelo invento da prensa, por volta de 1450, na Alemanha. Daí pra cá, o mundo vem se transformando rapidamente. Agora, transformando dia a dia, tão rápidas são essas mudanças. 
Por mais assustador que possa parecer, esse livro está na mira do desenvolvimento tecnológico do século 21. Que fazer? Aguardar? O tempo, neste século, acabou. Tempo subdividido, fragmentado em tantas motivações diferentes que não há um minuto pra mais nada. Tudo correria. Nada de ficar parado, sentado. Se dormir no ponto, a carruagem passa e vai embora. Alcançá-la vai ser difícil. Tantas coisas para ver, ouvir, atualizar, aprender, modificar. E deletar e reaprender. São modificações repentinas. Algumas, inacreditáveis. 
Não se escolhem vítimas. Jovens e adultos estão no mesmo barco. Os jovens se misturam no seu mundo de novidades, mas os adultos sofrem os maiores impactos. Têm que jogar fora, têm que descartar conceitos, hábitos, informações a cada momento. Tão apegados a isso que os faz sofrer ao resistir. Adaptação somente a ferro e fogo, tudo pela sobrevivência. Ao negar, serão relegados.

E como ficam os livros? 

Há tentativas de salvamento, prevenindo-se uma derrocada fatal. Ainda se pensa que a humanidade não sobrevive sem eles. Existem centenas de eventos com o incentivo à leitura e ao livro. Encontros, seminários, feiras e bienais. 
A educação hoje é centrada em livros. Entretanto, o poder do mundo econômico e a luta pelo lucro têm colocado as editoras, as fábricas dos livros, numa encruzilhada. Isso, em controvérsia, tem feito uma derrocada na educação. O maior mercado livreiro é realmente centrado no livro didático para os estudantes do ensino fundamental. Por isso, a carga de marketing caiu sobre os jovens. O reflexo atinge os pais ou o governo financiador. Os empresários do setor editorial acharam a mina.
Os atuais livros didáticos, mesmo aprovados e distribuídos pelo Ministério da Educação, estão merecendo considerações especiais. Apresentam deficiências generalizadas, principalmente quanto a aspectos formais. Pesadões, disformes, inaproveitáveis. Parece pouco, mas as mochilas dos estudantes são cargas inacreditáveis. Ninguém pensou nisso? Em síntese, parece que o estudante é um burro de carga. Conteúdo? Sem comentar detalhadamente, estão envolvidos em quadros de cores diversificadas, supondo-se que essas formas coloridas são a modernidade. Triste engano. Páginas abarrotadas de informações que não dão descanso ou alívio ao estudante. Tem pai que é cego e nada vê e nada reclama. Há diretores de estabelecimentos que participam ou se envolvem e professores indefesos. Finalmente, o IDEB (Índice de desenvolvimento do ensino básico) no Brasil vai continuar rastejante. Mesmo para a leitura e para as contas. O estudante do ensino público não passa da primeira página. E os estudantes amam os seus livros ou estão preferindo o mestre Google? Ou o whatsapp? Tão competentes e serviçais. Disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite.
Assim, com tantos algozes, como tirar o livro da mira do desenvolvimento tecnológico? As editoras, também, por sua vez, estão indo com muita sede ao pote. 

terça-feira, 11 de setembro de 2018

SONETOS DO CÉU AO DIABO

Inferno é um termo usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada dos mortos, ou lugar de grande sofrimento e de condenação. Paraíso Lugar de recompensa das almas dos homens, após a morte. Lugar de delícias, repleto de felicidade, onde há paz e sossego.


INFERNO E PARAÍSO

Um samurai vai a um monge budista
Existe mesmo inferno e paraíso?
Como poderia saber tudo isso?
Nem tudo pode estar a nossa vista.

Sou samurai e preciso saber...
Soldado? Pareces mais um mendigo...
Vou cortar teu pescoço, é o que te digo
Assim já entras no inferno, por querer.

O samurai vê o choque da verdade
Recolhe então a espada, envergonhado.
Reconhece a clara realidade.

E o monge com sorriso disfarçado
Justifica a natural humildade.
Agora o paraíso é apresentado.


O DIABO E A CRUZ

Dizem que o diabo corre da cruz
Mas ele não parece tão medroso
Põe a capa de guerreiro bondoso
Quer dividir herança com Jesus.

Nas pesquisas tem ganhado eleição
Chamuscado e envolto na capa preta
Com tridente escondido na maleta
Multidões atrai para o seu torrão.

Salve-se quem puder ou quem quiser
Desiste daquilo que prometeu
Dos prazeres que no porão tiver.

Vou pro céu e levo tudo que é meu
Recuso as promessas que ele fizer
Nem ver! Ai de mim se não fosse eu.


INCENTIVO DO DIABO

O Diabo está investindo pesado
Na mais bela estrutura do porão
Para dar conforto e satisfação
Até velho estatuto foi alterado.

Foi aprovado no legislativo
Lei de incentivo ao pecado mortal
Entrada franca, chamada geral
Basta alguém acessar no aplicativo.

No carnaval há damas e cavalheiros
Nos pacotes livres de temporário
No curso - Graduação de Trapaceiros.

Eternidade até no crediário
Sem comprometimentos entre parceiros
Sem cadastro, pelo facilitário.

domingo, 22 de julho de 2018

O LIVRO IMPRESSO


Desde Gutemberg (1398 – 1468), que lançou a prensa àquele mundo moderno, os livros tornaram-se os veículos transportadores de conhecimentos e de informações, através dos tempos. Tanto a humanidade se transformou desde essa época! Mas, esse próprio instrumento vem sendo ameaçado de morte. 

A prensa de Gutemberg, na época, poderia ser comparada com uma impressora a laser de última geração, disse-o Bill Gates, (1955). Por meio dela, o conhecimento e a tecnologia vieram se acumulando e arquivando informações capazes de chegar a modelos que revolucionariam a própria humanidade. Fatalidade – neste século 21, o livro descobriu que está em fase de perda de poder e em fase de transformação.  
O desenvolvimento da tecnologia de informação e comunicação (TIC´s) tomou conta de todo processo. O que é mais acintoso é a suplantação, em técnica de guerra, sem nenhum preceito de condescendência ou de piedade. A tecnologia nem pede licença. Arrasa, destrói, pede passagem e ainda se vangloria. Hoje, o texto integral de um livro pode estar contido num pequeno pendrive, menor do que uma caixa de palitos. Um livro inteiro? Não só um livro. Uma livraria ou uma biblioteca. Pode ser enfiado num simples notebook, que pode ser carregado debaixo do braço, transporta uma biblioteca, para onde quiser. Ou, até mesmo, com seu pequeno smartphone. E tudo isso não é mais novidade nenhuma. Dessa forma, um leitor pode ler Tolstoi completo enquanto passeia de barco no Pantanal.  Além disso, um empresário pode estar administrando sua empresa ou investindo em ações da bolsa de qualquer parte do mundo, mesmo estando dentro de um barco, pescando nesse mesmo Pantanal brasileiro ou caçando leões na África. 
Para que carregar um livro apenas? 
E para onde irão as famosas enciclopédias? Para o museu, possivelmente, e a nova ganhou espaço, transformou-se na Wikipedia, ganhou espaço. E as bibliotecas? Para ambientes adaptados a outras atividades, ainda não definidas, ou virou o Google? E bibliotecários? Desempregados ou aposentados. A salvação pode vir pela transformação em novos modelos de uso e de aproveitamento. 
Estima-se que, em breve, o incalculável acervo cultural da humanidade pode caber num num simples chip, e ainda sobrar espaço.  E como acessar? Um simples toque de dedo. 
Os livros podem chorar, mas os leitores assistem a tudo e aplaudem. Triste destino nesse final de vida. Como reagir? 
E como ficam os leitores? Eles estão encontrando tantos formatos, com abrangência pode se dizer infinita, que não vão ter mais tempo para tudo. Os leitores hoje são dominados pela avidez. Querem tudo e rápido. Quando não conseguem o que querem em uma fração de segundos, passam para outra forma de procura. A impaciência é uma das características desse novo leitor. 
E quando essa época vai chegar? Já chegou! E continua avançando e mudando a cada dia. O que se faz hoje amanhã será diferente. E o que se aprende hoje não serve para amanhã. Os aparelhos ficam obsoletos de um dia para o outro. Vão para o lixo ou para os museus. 
Memorizar é algo dos séculos anteriores. Hoje, é apenas transformar. Nada é para sempre. Nem para amanhã. E nem existe apego a sua máquina. Vem uma nova e a velha é descartada impiedosamente. As crianças de hoje já nascem apertando botões. Os idosos se escondem com medo dessas máquinas, como se fossem mortíferas. 
A grande tese da humanidade, neste século, é adaptação. Quem não se adapta desaparece, sem dó nem piedade.






segunda-feira, 7 de maio de 2018

ITABIRA EM FOTOGRAFIA NA PAREDE

Três sonetos
Uma radiografia, um recado e uma proposta.
Uma contribuição. Sem romantismo.



ITABIRA

Itabira não tem mais solução!
Vendeu bem barato sua alma ao diabo
Solo, subsolo e tem preso o rabo
Desde o parto, desde a concepção.

Também Fausto, um dia, vendeu a alma
Em troca de prazeres ao demônio.
No fim, perdeu todo o seu patrimônio
O paraíso, em desespero, a calma.

Como rasgar essas escrituras
Se o patrono aceitou as condições
Dando tudo das gerações futuras?

Anseios sepultados aos montões
Sem projetos pois as belas figuras 
Decretaram sua vida aos porões.



FALA DA VALE

Quem quiser montar indústria, que monte!
Eu vim aqui só pra buscar minério
Por isso, não saio do meu critério
Pago o preço e pego o ferro na fonte.

Não vim pra criar emprego a ninguém
Nem pra tirar cidade do buraco
Sem papo, todos vêm me encher o saco,
Com pires na mão, querendo um vintém.

Meus direitos não são de concessão
Fui criada para a exploração das minas
Por mineiros, Silva e Batista, não?

Agora, chegam tantas sabatinas
No Rio de Janeiro a implantação
Lá, firme a sede fica. Quer propinas?



TURISMO ECOLÓGICO

Turismo ecológico cheira a mato
A transa, droga, farofa e mochila
Grana curta pra encontrar um gorila
Banho de cachoeira e carrapato.

Um campo de pouso internacional
Estrada duplicada e ajardinada
Pernoites? Cama larga almofadada
Raios de sol rompem na matinal.

Grandes praças de esporte e lazer
Boys e girls como gentis serviçais
À mesa faisões tostados trazer.

À noite,as danças e os jogos florais,
Música e vinhos pra juntos sorver!
Muito além dos antigos carnavais!

quarta-feira, 18 de abril de 2018

A DÚVIDA E A INCONSEQUÊNCIA EM DOIS SONETOS.


O diálogo interno, um bem e um mal.
Um longo diálogo interno produz a inércia.
Um curto diálogo interno produz um desastre.
Hamlet viveu a dúvida e dom Quixote viveu a inconsequência




PENSAR

Pensar demais retarda a decisão
O peixe voa e a andorinha nada
O jovem Hamlet esperou uma fada
E a dúvida invadiu seu coração.

To be, or not to be! Até agora?
Mais de quinhentos anos se passaram
Tantos outros reis o trono usurparam
E ele, de tanto pensar, ainda chora.

Tanta história rolou no seu país
E de tanto pensar surgiu dom Casmurro
Divulgando a teoria como quis.

Meditando, no rosto leva um murro
Imóvel, impassível, infeliz
Pois, de tanto pensar, morreu um burro.



NÃO PENSAR

Tão triste é uma decisão impensada!
Dom Quixote matou três adversários
No tal dia do seu aniversário,
Músicos de uma banda contratada.

Em algazarra e turbulência vinha
Para esta festa cheia de alegria
Imaginou inimigos que temia
Disparou todas as balas que tinha.

E agora? Como sair do conflito?
Como reverter a situação?
Rapidez no pensar, agiu aflito.

E nada a ganhar – decisão é ação!
Sem razão, pode rodar o infinito
Mas nada de pedir ressurreição.


segunda-feira, 9 de abril de 2018

SONETOS MORTÍFEROS



A tecnologia não pede licença e passa por cima até dos tratores.
A crueldade das inovações tecnológicas não pede passagem e arrasa o que estiver pela frente.
Entre na roda ou saia da frente.




A MARCHA DO PROGRESSO

Ninguém segura a marcha do progresso
Tudo aquilo que hoje está sendo feito
Será feito amanhã de outro jeito
Diferente será e com mais sucesso.

E no dia que um ser humano nasce
Tão logo ele casa-se com a mudança
Pode ser que não haja uma festança
Mas um pacto firme com ela faz-se.

Dizer que tem quinze anos de experiência
Ou um ano quinze vezes repetido
Será um trampolim para a competência?

Ou espelho retrovisor embutido
Que ilumina pra trás na decadência?
Fracassa em busca do tempo perdido.




AS VONTADES

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Camões falou e pôs dedicatória
Seu vaticínio vem rolando a história
E essas palavras parecem maldades.

Vem o século do obsoletismo
Traz as verdades pra fora de moda
Lança, usa, aproveita e gira a roda
Nada é para sempre, nem fanatismo.

Tapete mágico, conto de fadas
No alto o vento, e a chuva a vista embaça
Um sonho distante, mente estagnada.

Impedir a mudança virou desgraça
Nada resiste a força da manada
Os cães ladram e a carruagem passa.

quinta-feira, 22 de março de 2018

SONETOS EM PENCA DE TRÊS

Três sonetos do reino animal, sem clemência. Cada qual aparece de modo mais estranho. São as personagens do dia. Desculpem-me alguma irreverência.



PERU
Um peru que pia como peru
Como peru deve ele ser tratado.
Cada pio que der é analisado,
Já fede o filhotinho de urubu.

O eco é uma resposta de um som qualquer
Que assim que ouvido é interpretado.
Caso não seja de total agrado,
Quem emite tem a culpa e mister.

Cada qual veste certo a sua história!
Cada planta tem a sua folhagem
Que não desmente a verdade ilusória.

O velho espelho retrata esta imagem
Que bem gravada fica na memória.
Cada qual traz na cara sua mensagem.



SER VACA
As portas do hospício estão sempre abertas
Pra quem sai fora da linha do trem
Vê o outro lado que a vida contém
E o crivo da imaginação liberta.

Solta o verbo, mesmo sem microfone
Veste-se de Adão - e de Eva ataca.
Morador diz que se transformou em vaca
E em vez de chifre na cabeça um cone.

Cada qual veste a vida que escolher
E cada qual sua verdade tinha
E cada qual procura o que fazer.

- E desde quando a transformação vinha?
E sem hesitar vai já responder:
“Desde quando eu era uma bezerrinha.”



CACHORRO MORTO
Foi numa vila bem longe daqui
Cachorro morto na rua jazia
Três ou quatro dias de sol, fedia.
Ninguém veio para tirá-lo dali.

Mulher sentada na porta da casa
Cuidava dos filhos brincando em frente
Queixava da fedentina inclemente
E o mau cheiro os moradores arrasa.

Um vizinho quis enterrar o bicho
Mas ninguém ajudou nesse socorro
Por moleza, por preguiça ou capricho.

Deixa o tal acabar até o couro!
E ele só? Ia por a mão no lixo?
Desistiu. Sozinho, era desaforo!

terça-feira, 13 de março de 2018

VIVER É MORRER - SONETOS

Difícil viver? Mais difícil é morrer. Me aguardem, diz a morte.
E ela chegara, infelizmente. Sinto muito !




ENVELHECER

Não tem saída – ou fica velho ou morre!
E uma constante perda de energia,
Um pedaço que cai a cada dia
E sem perceber, tanta coisa ocorre.

O chumbo dos pés dificulta a marcha
E hoje não há mais ninguém a abraçar
O sorriso emudece, embaça o olhar.
A voz do silêncio é a que mais se acha.

A despedida é apenas suave aceno
Que nos trêmulos dedos se dissolve
E o mundo parece já tão pequeno.

Os pássaros cantam, a flor devolve
A cor e o brilho com perfume ameno,
O sol brilha mas triste bruma envolve.







POSTO VAGO

Vem mais uma perda na nossa empresa
Com a morte do colega Juvenal
Bom gerente da nova filial
Competente e de grande gentileza.

Por esse fato, senhor Diretor,
Sei que o posto não pode ficar vago
A sugestão para o senhor eu trago
Para o lugar dele pode me pôr.

O diretor ficou admirado
Por essa coragem extraordinária
De aceitar um local tão reservado.

Sua decisão assim voluntária
Não posso me opor, fico assim calado,
Pois a permissão vem da funerária.

sexta-feira, 2 de março de 2018

SONETOS



Dois sonetos não matam ninguém. Tudo é tiro de festim. Mentes brilhantes acolhem sem contestação.




ESCRAVO FORRO



Espírito maligno cai no Zé !
A colher de pedreiro arremessou
Logo o cimento no vaso enfiou
Logo o concreto virou picolé.

Já não se caça escravo com cachorro
Se a cidade inteira virou senzala
Pois seu povo serve, ajoelha e cala.
“Já não passo mesmo é de escravo forro.”

A nobreza precisa arrecadar
Para o nepote ter vida saudável
De carruagem poder desfilar

“Noblesse oblige”, ilustre magistravel,
A tal cota racial vai lutar
E seu poder não será confortável.





PECUNIA NON OLET



Quem não gosta de dinheiro padece.
Dinheiro no bolso traz alegria
Traz saúde e muito mais energia
E fica mais perto de quem merece.

Lavar as mãos, pois o dinheiro é sujo!
É uma das maneiras de afugentá-lo.
Quem gosta dele deve acariciá-lo,
Se amedrontado procura refúgio

Cada qual no seu bolso quer mantê-lo.
Liberdade pra voar ele pede
No vendaval ninguém mais vai retê-lo.

Mais discreto tudo ele pesa e mede
Vagueia no mundo e ninguém vai tê-lo
Se alguém for dizer que dinheiro fede.

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