sábado, 26 de janeiro de 2019

SONETOS SOCIALMENTE INCORRETOS


MULHER MODERNA

Mulheres? Só bom dia e boa tarde
Sem a visão do elegante porte
Se uma palavra der define a sorte
Assédio à vista em furioso alarde.

Agora, ela quer na vitrine se expor
Exibindo ao transeunte o que é belo
Disponível pra bater o martelo
Vai requebrando com todo vapor.

Ousada guerreira, quer enfrentar a luta
Marcha linda com os artifícios que tenha
Pesinhos dourados, mas força bruta.

Escolhe aquele que mais lhe convenha
Curtindo a moda, veste-se de puta
Cliente certa: Maria da Penha.



BOVARY

Madame Bovary gira a classe A
Belos trejeitos, amores ligeiros
Velhotes safados vão sorrateiros
Nas danças da tarde aqui e acolá

Modelos se espalham no mundo afora
Lindas mulheres o tempo aproveitam
Discretos amores presente aceitam
Recheadas carteiras que veem agora.

Com o tempo, facilidades aumentam
No ritmo a vida não vai parar
Os belos prazeres do mundo encantam.

“Les belles de jour” no jogo vão entrar
As classes B,C, por querer, imitam
Traídos maridos, traídos ficam.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

A LÍNGUA PORTUGUESA FALADA



 A FONÉTICA
Para onde vai a língua portuguesa falada no Brasil? Ninguém escreve como fala e nem  fala como escreve. O povo fala como quer. O povo fala de acordo com a informalidade regional.




A fonética é a parte energética, dinâmica e criativa da gramática de uma língua. Portanto, é a parte viva da língua portuguesa, principalmente no Brasil, percorrendo o seu vasto território. Suas irmãs, a morfologia e a sintaxe, são sisudas e pacíficas. Parece que estão adormecidas, mas são vigilantes e guardiãs das normas da língua. Parecem dogmas. 
Qualquer língua, por mais primitiva que seja, tem sua sintaxe e tem seu vocabulário. Sem vocabulário não há idiomas. As palavras vão determinar os seus objetos de uso e seus sentimentos e suas emoções. A sintaxe faz as conexões para formar os pensamentos, as frases


O vocabulário no Brasil cresce, aceitando termos de outros idiomas para dar nome a objetos ou a fatos que vão surgindo no mundo moderno. A tecnologia traz centenas de palavras para uso imediato. O Brasil está de braços abertos para receber essas palavras imigradas, agora, da língua inglesa. No passado, aceitou centenas de vocábulos do francês. Também, no passado, incorporou, sem lutas, palavras de origem africana. E antes de tudo isso, havia o substrato linguístico do Tupi-Guarani, falado pelos donos da terra. 
Pensam que a fonética não reagiu? Aceitou tudo, mas a seu modo. Os fonemas, isto é, os sons na articulação dessas palavras importadas, absorveram características regionais para dar, em consequência, coloridos típicos. As palavras que vão chegando se adaptam a cada lugarejo onde elas se aportarem. O idioma que se dane. 
O idioma pode continuar se denominando língua portuguesa, mas a fonética local não despreza o seu poder de pronunciar esses vocábulos dentro da sua cor local. A fala regional. 
Assim, a fonética vibra, grita, se contorce e se transforma. Livre como um pássaro, ela voa pelos recantos mais afastados do país e se acomoda, incorpora trejeitos e arranjos. A sintaxe e a morfologia podem ser arranhadas pela cor local, mas se mantêm nos seus postos. 
A língua portuguesa, no Brasil, foneticamente, vai para as cucuias e as pessoas falam, se entendem, se comunicam e nem querem saber que idioma estão usando, adormecida que está a gramática da língua portuguesa no Brasil, na linguagem do povo. 


Não há normas que indicam formas corretas de pronúncias. O povo fala como quer. Mesmo assim, falar é uma coisa, escrever é outra. Não fala como escreve e nem escreve como se fala.
Assim, as divergências regionais campeiam. Chega-se a pensar que há um outro idioma parecido com a língua portuguesa falada em Portugal. Mesmo a língua culta, falada no Brasil, tem suas características muito acentuadas. Hoje pode-se dizer que, foneticamente, há grandes diferenças entre Brasil e Portugal. 
Daí, para onde vai essa diversidade fonética da língua portuguesa? A população de Portugal, em 2019, é de 10.190.160 habitantes. O Brasil conta com vinte vezes mais a população de Portugal. 



Referências 
S.N.Serafim. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. RJ.Presença/MEC.1950. 
Pinto, E.P. O português do Brasil. RJ, O livro técnico.1978.

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