segunda-feira, 22 de agosto de 2016

SEMIÓTICA – O CORPO TAMBÉM FALA


A natureza fala um idioma universal – e o ser humano reflete sua comunicação imediata  pelo seu próprio corpo. Um outro capítulo da Semiótica, não reverenciado por Ferdinand Saussure (1857 – 1913) ou Charles Sanders Peirse (1839 – 1914).


Tantos pesquisadores investiram tempo e esforço para relacionar o corpo com o temperamento, desde Hipócrates. Finalmente kretschmer (1888-1964) e mais recentemente, William Sheldon (1898 – 1977), apresentaram grandes contribuições para desvendar os mistérios do corpo.
Na metodologia científica, A GRANDE PESQUISA DE SHELDON  envolveu 4.000 estudantes e professores de diversas universidades americanas, na década de 1950. Foram feitas três fotografias de cada pessoa, de frente, de perfil e de costas, nuas, colocando-se quadros medidores ao fundo. Foram 17 medidas por pessoa ao todo. Realizaram-se, ainda, entrevistas e foram aplicados testes psicológicos. Constataram-se três tipos físicos básicos:

  1. os endomorfos, isto é, os mais gordos, com predominância de vísceras e gorduras.
  2. os mesomormos, os mais musculosos, forte ossificação, ombros largos e grande caixa toráxica.
  3. e os ectomorfos, os mais magros, com predominância de peles e nervos. 
Uma constatação surpreendente: não havia nenhum desses tipos totalmente puros, isto é, não havia um endomormo sem musculatura e ossificação e nervos. Não havia nenhum mesomorfo, somente de músculos e nenhum ectomorfo somente de peles e ossos. Eis a questão. Passou-se então a dar notas de 1 a 7 para cada componente determinado. 
Assim, uma pessoa poderia ter a caracterização de 7-1-1 de endomorfia, ou 1-7-1 de mesomorfia máximo ou 1-1-7 de ectomorfia. Casos extremos. Entretanto, os tipos físicos assumiam caraterísticas diferenciadas. Assim, um indivíduo poderia ter a classificação 3–3-4 ou 3-6-3 dentro da ordem estabelecida para cada componente. E houve consequentemente, grande variedade de tipos físicos. Separaram-se os resultados psicológicos por grupos de acordo com as medidas, com a predominância física. Aqueles que eram predominantemente :

  1. Endomorfos seriam os viscerotônicos.
  2. Mesomorfos seriam os somatotônicos.
  3. Ectomorfos seriam os cerebrotônicos.
Um grande trabalho apresentou-se pela frente para conclusão do estudo, devido a grande quantidade de grupos.
Nota - Na ocasião, com as fotografias de pessoas nuas dispostas para estudo dos pesquisadores, houve uma turbulência social nas universidades pesquisadas com manifestação de oposição natural por comentários surgidos. Consequência: as fotos para  pesquisa feitas com as pessoas de sexo feminino tiveram que ser incineradas. Assim, a pesquisa apresentou resultados apenas para pessoas do sexo masculino.
Cada tipo poderia ter a nota somatória máxima de 12. Houve casos especiais de displasia, (vários modelos), gianandromia (característica de sexo oposto) e hirsutismo (pelos). 
A maior importância da pesquisa foi a associação de características de comportamento com os tipos físicos predominantes. Foram constatadas semelhanças de temperamento por grupos físicos. Um grande mérito da pesquisa foi estudar pessoas com saúde física e mental. Foram definidos centenas de grupos, de acordo com as notas obtidas dentro das caracterizações psicológicas de temperamento. Na época, Gagarim, o russo que foi à Lua, teve 4-4-4. Um bom biotipo? Talvez, nem tanto. Significa conflito por forças antagônicas, interagindo no comportamento. Assim, um indivíduo com classificação de  3-4-4 poderá ser pessoa agressiva e tímida. Portanto, talvez, perigosa.
Entretanto, de acordo com a classificação predominante, seguindo-se a ordem numérica fixa, com traços de comportamento assemelhados, tem-se: 




7-1-1 – Viscerotônicos 

Gosto pelo conforto/ relaxamento / prazer na alimentação/ sono profundo/ sociabilidade/  necessidade de aprovação social/ cooperativo/ emocional/ chora com facilidade/ generoso/ humanitário/ necessidade de comunicação ou de falar nos momentos conflitivos.
 




1-7-1 Somatotônicos 


Postura firme / características enérgicas/ franqueza / agressividade / gosto pelas aventuras / gosto pelo jogo de modo geral / desafiador / fala desembaraçada/ aparência de mais idade/ necessidade de movimentação nos momentos aflitivos.






    

1-1-7 Cerebrotônicos 

Postura contida/ retraído/ restrição da fala/ voz baixa/ nervoso/ inibição/ dificuldade no sono/ gosto pela solidão/ privacidade/ necessidade de isolamento nos momentos conflitivos.










Observação: estes são tipos extremos. Verifica-se grande variação em cada tipo predominante.              
Consequências – Na época, havia estudos que avaliavam os efeitos da EUGENIA, para aprimoramento e embelezamento da espécie humana. Hitler era um seguidor e incentivador. Houve quem quisesse associar a pesquisa de Sheldon a outras finalidades. Não era a intenção do doutor William Sheldon.
Outros estudos associados: a fisiognomia é tratada mais recentemente como tema de estudos e pesquisas.
Em 1998, a escritora e terapeuta americana ROSE ROSETREE desenvolveu um método próprio de fisiognomia, nas décadas de 80 e 90, fruto de suas experiências e de aplicação de técnicas. É considerada a precursora da fisiognomia no mundo ocidental. Seus livros  THE POWER OF FACE READING, e outro, WRINKLES ARE GOD´MAKEUP, expõem suas experiências e constatações.
A abordagem da fisiognomia de ROSE ROSETREE rompeu uma visão médico-psiquiátrica que dominava a observação do comportamento das teorias anteriores.
Finalmente, existem aplicações policiais sobre a fisiognomia em tecnologia da informação, utilizada nos aeroportos. Qualquer que seja essa aplicação, não deixa de ser uma leitura informativa, dentro da semiótica que, quer queira, quer não, domina a área completa da comunicação.
Estão presentes Saussure e Peirce, quaiquer que sejam os métodos avançados de aplicação. Assim como as radiografias e os exames laboratoriais, as mensagens devem ser lidas e interpretadas. E elas precisam de bons leitores.    
        
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