quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Encantar - Calibração

Pode vir quente que eu estou fervendo – diz Erasmo Carlos. Calibrar é sincronizar sentimentos e é, antes de tudo, encantar.
A sincronia de sentimentos é o caminho mais curto para o entendimento. A isso, chama-se CALIBRAÇÃO. Calibram-se os pneus dos carros para que suportem o peso com equilíbrio. Assim, a harmonia entre as pessoas fundamenta  nessa sincronia de sentimentos. Há técnicas disponíveis no campo da psicologia que informam e treinam os profissionais no uso adequado dessa ferramenta. Entretanto, todos os seres humanos têm condições de empregar métodos naturais de calibração. Algumas pessoas são mais eficientes, outras menos. Algumas são hábeis, outras, analfabetas funcionais nesse setor.Quem se posiciona com atenção, pode ler as feições fisionômicas, ouvir e decodificar o tom de voz, perceber e interpretar as diversas faixas etárias, as etnias e, até mesmo o vestuário. Tudo isso, numa fração de segundos.
Daí pra frente, usando o respaldo social e psicológico, interage para tornar um relacionamento inicial em relacionamento afetivo. Profissional ou social.Calibrar então se torna algo a ser realizado para ajustar-se às contingências detectadas. Fácil? Nem tanto. Algumas pessoas reagem e protestam. Perdem. Os que se identificam, ganham. Tanto nos comportamentos espontâneos ou sociais como nos profissionais.Em princípio, pressupõe-se a sincronia do tom de voz, adequado para cada ambiente. Se estiver num velório, vai usar um tom de voz contido, suave, afetivo. Se estiver num estádio de esportes, vai usar um tom de voz entusiasmado, claro, mais alto. Se estiver falando com uma autoridade, usa-se um tom respeitoso. Se for uma criança, outro tipo de voz. Assim, por mais estranho que pareça, a voz fala!!!   Numa empresa, um atendente conseguia fazer fortes amizades com todos os clientes, por saber ouvir e interpretar sentimentos. Refletia e depois informava, usando tom de voz de veludo e atendimento para encantar.Noutra organização, o atendimento era feito por uma pessoa que, a cada informação que dava gerava o inicio de um estado beligerante.
Cada organização tem seus próprios interesses, claro. Entretanto, um atendente-recepcionista, ou telefonista, como porta de entrada, têm o poder de encantar ou expulsar qualquer cliente. Assim, o tom de voz fala! Antes de tudo, as aparências das pessoas são analisadas de imediato. Analisadas, interpretadas, julgadas. E até condenadas, precipitadamente. Num átimo. Num simples olhar, pode ser identificada a idade, a etnia, as aspectos fisionômicos, o modo de vestir, de pentear os cabelos. Um sorriso ou uma carranca? Como fazer a calibração? Aguardar, ler a fisionomia, aguardar ainda. Depois, procurar ajustar as contingências. Tudo pode ser uma leitura correta, mas pode haver surpresas. Os traços fisionômicos falam!  Calibrar é importante também na vida cotidiana. Assim, nos eventos ou reuniões sociais, há de se pensar no vestuário adequado a ser usado, para não se sentir um peixe fora d´água. O vestuário fala!Também, quando uma pessoa sai de casa, deve ter conhecimento das condições meteorológicas. Está chovendo? Pode chover? Faz calor? Vai fazer frio? – Tudo isso faz parte da calibração do ser humano com a natureza. A natureza fala! Em continuidade, se vai vender ou comprar alguma coisa, precisa calibrar-se com o mercado. Nada mais perigoso do que vender algo abaixo do preço de mercado. Nem de comprar outra por preço elevado. As empresas fazem licitações de preço. Isso é uma forma de calibração com o mercado. O mercado fala.
E o que se passa no mundo? Ou mesmo nas proximidades. O trânsito? O câmbio? As agitações políticas? Calibrar-se para se evitarem as surpresas desagradáveis. Os jornais falam. Não se pode esquecer de verificar a própria saúde. Manter o equilíbrio do corpo e da mente só cabe a responsabilidade a seu usuário. Manter-se calibrado com as informações que cinestesicamente são transmitidas, faz parte da vida e do bem-estar. O proprietário do corpo deve também ouvi-lo, com atenção especial.  O corpo fala!!!
Por isso, e por muitas outras situações assemelhadas, pode-se dizer que calibrar é sincronizar sentimentos mas, antes de tudo, é encantar.    

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

MUDANÇAS – ROTINA É ESTAGNAÇÃO

Não se pode parar a máquina do progresso e não se faz progresso sem mudanças. Se alguém está fazendo uma coisa da mesma maneira que costumava fazer, estará, provavelmente, fazendo-a por um método ultrapassado.

Os métodos atuais de fazer as coisas foram feitos em condições que não mais existem. E tudo que está sendo feito agora será feito será feito de modo diferente e será feito melhor. O que todos sabem são os modernos métodos obsoletos de fazer as coisas. Rotina é estagnação.
O dia que um ser humano nasce ele casa-se com a mudança. Pode não ser um casamento formal, mas ele passará o resto da vida vivendo com ela.
Vive-se num mundo de mudanças cada vez mais rápidas. Quem tem mais segurança atualmente é quem se adapta melhor a elas. Quanto mais rápido muda o mundo, mais necessidade têm as pessoas de serem adaptáveis a esse mundo de mudanças cada vez mais rápidas.
Quer saber quanto o progresso foi acelerado?
O homem inventou a alavanca, mas demorou mais de cem anos para acostumar-se a ela, antes de inventar a roda.
Mudanças ao acaso?
Existem milhares de pessoas trabalhando em tempo integral, todos os dias, com o objetivo de elaborar mudanças. A pesquisa é o progresso proposital. Há cientistas, engenheiros, sociólogos, psicólogos, todos empenhados em mudar o mundo. Novos métodos, novas máquinas, novos produtos, novos mercados, novos clientes.
Mudam-se as máquinas, mas também o comportamento dos seres humanos, da pílula anticoncepcional ao casamento gay ou aos aglomerados humanos.
Quem há de resistir?
Os cães ladram e a carruagem passa! É a mudança atropelando as rotinas, a estagnação. 
Uma pessoa diz que tem 15 anos de experiência. Ou ela tem um ano repetido 15 vezes? Um indivíduo com 40 anos de idade pode estar mentalmente aposentado. Outros com 80 podem estar em vida ativa e produtiva. Existe um jovem cabeça dura, ou um velho com mente receptiva que combina a sabedoria da idade com o vigor da juventude. Experiência pode ser um trampolim que se lança para o futuro ou um espelho retrovisor que o faz regredir. Nesse caso, será como um paraquedas que abre perfeito no segundo saldo. 
Um gráfico através da História?
Este gráfico pode iniciar com o homem nas cavernas e, a seguir, por milhares e milhares de anos sem mudanças significativas. Chega o ano 1830. Até aí, a maior velocidade da comunicação era feita por meio do cavalo. Nesse ano, 1830, o cavalo apostou uma corrida com a locomotiva e ela ganhou. O homem quebrou a “barreira da ferrugem”. Pela primeira vez no mundo, um ser humano viajava mais rápido do que um cavalo. Daí pra frente, a curva do progresso não parou de subir. Nesta era de apertar botões, não é o tamanho nem a idade dos músculos que vale. É a atitude da mente. E as idades tecnológicas?
Considere-se, agora, a diferença entre as idades tecnológicas entre o rei Salomão e D.Pedro I do Brasil. Eles viveram separados por mais de 3.000 anos e usaram o mesmo sistema encanamento de água, de aquecimento, iluminação, transporte, comunicação e poder escravo. Muito pouca coisa aconteceu diferente na vida de um ou do outro, embora separados por tanto tempo. Eis uma constatação. As maneiras de se fazerem as coisas se alteraram. 
E o tapete mágico dos contos de fada?
O tapete voador! Compare-o hoje ao conforto e utilidade com o jato moderno. Quem, em juízo perfeito, gostaria de sentar-se em pleno vento e chuva, com granizo batendo no rosto, sem aeromoças, sem refeições quentes? Parece um sonho distante, imaginação retrógrada. O jato atual excede os sonhos do homem.
O homem pode exceder seus sonhos por vezes sem conta!É necessária coragem para romper as limitações do passado. Não se pode parar a máquina do progresso. Estabilidade é estagnação.

sábado, 6 de setembro de 2014

PRÊMIOS LITERÁRIOS

Recompensa e garantia de qualidade conferidas ao autor e à sua obra literária


Há prêmios literários disponíveis pelo país afora. Mediante concursos, voam no espaço da internet, como meio de divulgação. Tantas academias de letras, tantas escolas, tantas administrações públicas embarcam nessa jornada. Todos dizem que o objetivo é incentivar a produção de textos literários. Outros há que dizem que estão promovendo esses movimentos, procurando ajudar a revelar escritores. Vale também como incentivo à leitura. Isso vale, mesmo considerando que mais da metade da população brasileira não vai muito além de analfabetos funcionais. Assim, produzir qualquer coisa que seja, seria uma porta aberta ao desenvolvimento cultural.  
Tudo é válido, quando o pensamento, as ações e as intenções forem bem dirigidas. Com isso, estão incentivando a produção literária com a objetividade propugnada. Propugnando estão o surgimento de novos autores, já que os atuais não têm conseguido também fazer nenhum rugido além das fronteiras. Nem os autores amadores nem os profissionais. Exceto Paulo Coelho. 
A reduzida repercussão literária dos autores nacionais não vai, pois, além das fronteiras. Este fato é constatado pelas listagens dos melhores livros editados no mundo, segundo diversas fontes. Em nenhuma delas há referência de algum livro ou de algum autor brasileiro. Isto significa que não há nenhum autor nacional digno de figurar entre as obras de vulto do cenário mundial da literatura? Várias justificativas vêm à tona. Mesmo assim, um pouco de verdade deve persistir.     
Geralmente, nesses concursos abertos a cada dia, há um concorrente que deverá ser premiado e 99% deles deverão ficar frustrados, ao final do processo. Alguns desses concursos chegam a milhares de concorrentes. Milhares de frustrados, em consequência, tendo em vista que todos imaginam que seus textos mereceriam os troféus imaginados.
De outra forma, os juízes – pessoas que analisam e julgam os textos nos concursos – podem não dispor de tempo suficiente para a tarefa na sua extensão, porque o trabalho exige muito esforço e capacidade cultural específica. Fica a dúvida quanto aos resultados que poderão advir com essa promoção.
Finalmente, que fazer com 99% dos textos não premiados dos concorrentes eliminados? Devolver? Nem pensar. Impossível. Portanto, seguem para o lixo. São tantas fantasias de concorrentes destinadas ao lixo.
Eis a questão. Melhorou em alguma coisa a cultura literária do país com todo esse empenho? Em confrontação, nenhum escritor brasileiro alcançou ainda o prêmio maior da literatura universal: O PRÊMIO NOBEL.

PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA

Este prêmio foi intituído em 1901,  na Suécia, e é conferido a um escritor de qualquer nacionalidade, uma vez por ano, embora não tenha sido concedido nos anos de 1940 a 1943. Foi instituído pelo sueco, Alfred Nobel, para distinção ao trabalho literário mais significativo, produzido em direção ideal. Significa uma obra inteira desse escritor, seus principais livros, sua mentalidade, seu estilo, sua filosofia, sem distinguir obra em particular.
A Academia Sueca é quem escolhe esse escritor e o anuncia no começo do mês de outubro de cada ano. Este é o maior e mais distinto prêmio que um escritor pode almejar dentro do ramo da literatura.
E nenhum escritor brasileiro chegou lá.
O primeiro escritor premiado pelo Prêmio Nobel de Literatura  foi o francês Sully Prudhomme, em 1901, em reconhecimento à sua composição poética de idealismo elevado, da perfeição artística e das qualidades do coração e do intelecto. Depois dele, outros 109 escritores foram laureados com esse prêmio.
A América Latina foi contemplada por cinco vezes. O primeiro prêmio foi concedido em 1945 a Gabriela Mistral (1889 – 1960) Chile; depois, em 1967, a Miguel Angel Asturias (1899 – 1974) Guatemala; em continuidade, em 1971, a Pablo Neruda (1904 – 1973) Chile; em seguida, em 1982, a Gabriel Garcia Marquez (1927 – 2014) Colômbia; finalmente, em 2010, a Mario Vargas Llosa (1936) Peru.
Em língua portuguesa, em 1998, apenas José Saramago (1922 – 2010) Portugal foi agraciado com esse prêmio.
Como se vê, o Brasil ainda não subiu ao pódio literário na Suécia, embora haja 194 academias de letras em funcionamento no país. Além dessas academias, há associações, instituições e agremiações que têm por objeto os estudos e a produção literária. Além disso, uma população de mais de duzentos milhões de habitantes é configurada por possuir representantes literários ainda não considerados dignos de receber essa láurea. Há de ser reconhecer.  

quinta-feira, 31 de julho de 2014

A HISTÓRIA DA DOR

A dor é necessária. É um indício de alguma perturbação física, como sinaliza a Semiótica. Onde há fumaça, há fogo. Alarme que dispara, geme, grita, exaspera.

A dor é, pois, um dos indícios de um mal surgido no corpo. Por ela, a localização desse mal é imediata. É o disparo de um alarme e, assim, a dor é indispensável. É o GPS do corpo. Localiza o mal.
Hoje, os carros e as residências instalam aparelhos sinalizadores de ocorrências perturbadoras. Vigilantes de noite e de dia. Por quaisquer motivos estranhos disparam os alarmes que anunciam ou denunciam ocorrências. Cumpre socorrer imediatamente. Fora disso, os alarmes continuam em ação até findar as baterias. No corpo, até findar a vida.
Entram em ação os bombeiros para apagar esse alarme: a dor. E, quem tem a competência, pode buscar outros elementos para identificar a origem dessa dor, pelas radiografias, tomografias ou exames laboratoriais. Todos são indicadores. A radiografia não resolve a dor, mas pode localizar a origem do mal. Assim os exames e a tomografia ou outros procedimentos vão caracterizar o sintoma. Indícios. A dor apenas comunica um mal, não é uma doença.

Imagine-se um corpo sem dor. Sem a cinestesia nas comunicações internas. Pegar uma brasa. Andar sobre um braseiro. A percepção tátil das formas, dos pesos e das temperaturas. Seria possível? Sem alarmes? Isso daria predominância ao mal, tão invisível, tão imperceptível, tão incurável.
A ausência da dor no ser humano torna o corpo disponível a doenças, imune às mais variadas formas de combate ao mal.
E as cirurgias? Tanto a humanidade padeceu pela dor nas cirurgias, nos acidentes, nas infecções. A extração de um dente, a mais inofensiva das ocorrências. O paciente era amarrado ao leito, tendo os braços e pernas imobilizadas. Também a cabeça. Assim, sem poder ter qualquer reação, o paciente era posto a uma tortura permissiva. Para alguns casos de cirurgia como de amputação, o paciente não resistia. Isto por séculos e séculos. Surgiu a hipnose. Ficou constatado que o médico Franz Anton Mesmer (1734 – 1815), utilizando a hipnose e o magnetismo, realizou centenas de cirurgias sem dor.
A humanidade não podia esperar mais. Surgiu a ANESTESIA, finalmente. As cirurgias eram terríveis e a pessoa devia ser amarrada, como foi dito, para não se mexer. Entravam em choque e muitos morriam antes de serem operados, segundo relatos de épocas passadas. A morfina representou um grande avanço, mas a anestesia só foi posta em prática no século XIX. Antes ainda o clorofórmio e o éter. Os gritos acompanhavam as incisões, até que no dia 16 de outubro de 1846, o dentista William Thomas Green Morton, (1819 – 1868), no Hospital Geral de Massachusetts, de Boston/EUA, aplicou éter antes de uma cirurgia e o paciente não sentiu nada. 
Morton não inventou o éter, mas foi o primeiro a notificar o feito à comunidade científica. O relato dessa aplicação foi publicado no Boston Medical and Sergical Journal. Consta que o médico Crawford Williamson Long, (1815 – 1878) tenha feito uma cirurgia da extração de um tumor de um paciente, utilizando o éter, em 1842. 
A descoberta do éter é devida a Valerius Cordus, (1515 – 1544), portanto, no século XVI, e o termo “anestesia” deve-se o crédito a Oliver Wendell Holmes (1809 – 1894). 
Morton, mesmo assim, é considerado o pioneiro dessa nova era para os cirurgiões e, especialmente, para os pacientes de todo o mundo. Como viver sem anestesia?
Assim, em conclusão irônica, pode-se relembrar de Virgílio, poeta latino: “Nós é que somos felizes porque vivemos nestes tempos modernos”. 
A dor é necessária, mas não tanto assim!

sábado, 19 de julho de 2014

PROCURANDO NAMORADA


Se alguém resolver encontrar namorada, entre no bate-papo pela internet. Mas, cuidado! Poderá encontrar piranhas, ciladas, armadilhas. É fácil entrar numa gelada. Difícil é sair dela. (Texto do livro “Em nome do filho”)

Nicácio Göebel, um jovem de dezesseis anos, quase dezessete, como gostava de dizer, chegou à Capital para um fim de semana, a convite de um primo.
Numa tarde, sozinho em casa, pegou um computador que lá estava e começou a fuçar, até que caiu num bate-papo sem limites. Foi bom demais e encontrou uma garota que queria conversa comprida. Adotou o nick de Gatossério e ela era a tal de Sissi.
Ele abriu a sala de bate-papo e escreveu que procurava uma garota alegre e desimpedida para uma conversa séria com um gato sério. E, sem imaginar a velocidade da comunicação, uma pessoa respondeu, dando uma cantada logo de cara: Ei, gatinho! Curte um papo firme com uma garota independente? Claro que topo. Que está procurando? Estou procurando um gatinho malvado. Então encontrou. Sou gato cheio de unhas e dentes. E eu sou uma garota cheia de laços e fitas pra te amarrar. Amarrar no meu pescoço? Sim, amarrar vc todo, pés, braços e coração. Vai ser difícil porque eu sou um gato muito arisco. Mas eu sou garota levada e tenho armadilhas pra te prender. Eu mio muito, sou gato selvagem. Eu gosto. Já peguei um na minha armadilha e agora estou treinada. Onde você prendeu? Debaixo da saia? Lugar quente? Quente e aconchegante. Nestes lugares eu me enrosco também e não tenho medo da sua armadilha. Pode me prender como vc quiser. Mas vc gosta de uma garotinha levada? Gosto das levadas e das trazidas. Quantos anos vc tem? Eu tenho quase dezessete.
E vc? Eu tenho quase vinte e sete. Nossa! Do jeito de gato que eu procuro. E eu fico pensando nessa garota levada me trazendo um pouco do seu cheirinho gostoso. Como é vc, garota? Sou morena clara, olhos pretos e corpinho em forma. Não sou modelo magrinha, não. Sou cheinha. Com muito amor pra dar. Mas e vc, gato? Como é vc? Sou garoto comum, de 1,75m, branco, muito branco, neto de alemães. E vc gosta de morenas? Não é o meu forte. Que tipo vc gosta? Gosto de louras. Que pena! Sou morena. Mas vc deve ter outras qualidades. Vc se apaixonaria por uma morena? Acho que não. Tudo depende do carinho. Estou decepcionada. Queria tanto me apaixonar por vc. Pode apaixonar, isso não é problema. Mas vc disse que gosta de louras branquelas. Sim... isso é um pensamento, uma ideia de sonho de garoto. Isso já me dá mais tranquilidade. Vc mora onde? Estou no centro da cidade, a serviço. Não moro aqui. E vc onde está? Estou no bairro Planalto. Conhece? Não, não conheço nenhum bairro da capital. Quer vir a minha casa? Fazer o quê? Me conhecer. Impossível. Não conheço bairros, como te disse. Se conhecesse, vc viria? Não sei. Tenho que pensar muito. Sou gato sério e tenho medo da sua armadilha. Ficou com medo de mim, bobinho? Medo, não. Fiquei analisando. Analisando o quê? O que vc tem para oferecer. Tenho muitas coisas. Que coisas? Docinhos. Só isso? Carinhos, beijinhos. Só isso? Que vc quer mais? Quero deitar na cama com vc. Tenho namorado. Pode ter um a mais. Além disso, não preciso ser seu namorado. A conversa está ficando muito perigosa. Sem problemas. Então, vou sair e trabalhar. Não sai agora. Gostei de vc. Vc disse que tem namorado, então não vai querer nada comigo. Quero sim. Vc vai trair o pobre coitado? Não. Meu namoro é sem compromisso. Vc já transou com ele? Pergunta mais indecente. Não vou responder. Se não responder é porque já transou com ele. Vc é muito indiscreto. Perguntar não ofende, como dizem. Não quero responder essa pergunta. Tudo bem, então vou sair e trabalhar um pouco. Sabe que é hora de trabalho? Eu não trabalho, eu estudo o dia inteiro. Ok. Se quiser amanhã podemos conversar novamente. Pode ser. Que hora? Às quatro da tarde. Tudo bem, amanhã então fico te esperando na net.  Bjinho.Bjinho... Bjão. Bjão. 

No dia seguinte, Nicácio estava despreocupado no seu repouso em casa, e só se lembrou da Sissi às 5 horas da tarde. Como ele estava sozinho, resolveu brincar um pouco e abriu o computador. Logo que entrou na net, ela entrou rachando: tem mais de uma hora que eu estou te esperando. Estava trabalhando. E esse tal de trabalho é mais importante do que eu? Claro que sim. Grosseiro que vc é. Então vou sair. Não, espere que eu tenho outras coisas pra complementar o que vc precisa ouvir. Sim... pode falar. Não sei por que estou conversando ainda com vc. Fiquei esperando, procurando vc em todas as salas. Por que vc fez isso? Porque me comprometi de chegar à net às 4 horas. Lembra? Lembro. Então? Então o quê? Vc ainda tem coragem de perguntar? E se eu estivesse na rua te esperando? Ia arranjar um novo namorado pra conversar. Eu já tenho namorado. Então, tudo fica na mesma. Vc pensa assim? Posso fazer uma pergunta? Pode. Vc quer namorar comigo? Não. Vc é muito grosseiro. Não, sou franco. Só por que eu sou morena? Não é somente por isso, eu não moro nesta cidade, estou indo embora na segunda-feira. Está indo embora para o fim do mundo? Não, minha cidade fica aqui perto. Então? Que desculpa ainda quer dar? Eu trabalho demais na minha cidade e não tenho tempo. Vc é um gato muito bobinho. Trabalhar não mata ninguém. Mas eu estudo e trabalho com meu pai. Mentira. Verdade. 
Então vc já é um homenzinho? Responsável e trabalhador? Claro que sou. Eu não te falei que era menor de idade, pois já tenho 28 anos. Então eu fiquei mais ligada a vc. Não gosto de garoto que fica na rua, com fone no ouvido o dia inteiro. Trabalhar é minha vida. Gostei de vc, quer casar comigo? Eu não vou casar. Não vou casar com ninguém. Pensa que eu não sei que vc está procurando uma loura branquela? Só porque eu sou morena. Na verdade eu gosto de louras. Eu sou morena, mas sou bonita e gostosa. Não provei isso ainda, portanto, não sei. Não prova porque não quer. De longe, como é que eu vou provar? Vem à minha casa. Nunca. Nunca? Não sei onde é esse tal de bairro Planalto. E se soubesse? Se soubesse teria que pensar. Vc é um garoto sem iniciativa. Pode ser que seja. Eu sou mais ousada do que vc. Pode ser. As mulheres têm que ser ousadas. Melhor assim. Os homens ficam parados, indecisos. Alguns. Alguns, não. Todos. Eu também? Vc principalmente. Que andar vc mora? 15º. E qual o número do apartamento? 1516. Amanhã de tarde eu vou aí. Isso é loucura. Quando eu gosto de alguma coisa eu gosto mesmo e assumo. Eu não posso receber visitas. Por que não pode? O ap. não é meu. Mas vc está tomando conta. Está pensando que eu vou roubar alguma coisa de vc? Não, não é isso. Tem medo das minhas armadilhas? Não. Gosto da sua armadilha e dos seus laços e fitas, mas deixe para a outra vez que eu vier aqui. Não, amanhã ou nunca. Então, nunca. Enganador. Diz que gosta da minha armadilha e agora cai fora. Não, não é isso. Ou vc não gosta de mulher? Não, não é isso. Gosto das armadilhas das mulheres e sempre entrei de cara. Gosta de garotas? Claro que gosto. Já teve uma garota na cama? Pergunta indiscreta. Já? Responda. Claro que já. Não tenho dezesseis anos. Já disse que tenho 26. Tem 26 ou 28? Já disse. 
Já transou com garotas? Claro. Sim, por que esse espanto? Vc também não transou com seu namorado? Quem te disse isso? Vc me contou ontem. Eu contei? Contou e disse que seu namorado não tinha compromisso com vc. Sei que vc é fofoqueiro demais. Fica perguntando e anota tudo. Nada disso, presto atenção nas suas palavras. Vc está interessado em mim? Claro que estou. Se não estivesse não estaria conversando com vc esse tempo todo. Será que vc vai gostar de mim? Sei que vc é morena. Assim pode não estar nos meus planos. Vc é racista? Por que vc quer saber? Pergunto. Não respondo. Então é verdade. Não é verdade, não me importo com essas coisas, sou superior a essas questões, tenho a minha ideia da vida e quero continuar. Por isso, gosta de louras branquelas? Não sei por que, mas isso é questão de preferência apenas, não quer dizer nada. Então vc não transaria com uma negra? Depende. Depende de quê? Depende da hora e do lugar. Minha mãe é negra. Sim... e o que tem isso? Tem que eu não sou loura, que eu gostaria de ser pra poder namorar vc. Só pra isso? Não, tem outras coisas. Que coisas? Tenho vergonha da minha mãe. Então vc é que é racista. Minha mãe é muito inteligente. Então, não precisa ter vergonha. Ela trabalha muito. Onde ela trabalha? Ela é curadora do Palácio. Que palácio? Palácio da Liberdade, bobinho, aqui só tem um. E o que é curadora? Ela é a gerente-geral administrativa. Deve ganhar uma nota. Nada, vivo sempre precisando de coisas e ela, miserável, não me dá. Vc deve ser muito exigente. Sou pobre, pobre. É mais rica do que eu que não tenho nada. 
Não tem porque não quer, se quisesse ia me ter nos seus braços. Calma, menina, eu sou um touro na cama, vc vai se assustar comigo. Oba! Está melhorando. Vou aí, se a minha mãe for trabalhar cedo. Aqui eu não posso te receber, não tem nem cadeira, só tem cama. Melhor assim. Acho que a minha mãe não vai trabalhar amanhã, assim, depois de amanhã, sexta-feira eu vou te visitar. Não faça isso. Eu não posso ser responsabilizado por nada, como disse, eu sou um touro e fico bufando à toa. Isso mesmo. Vou sair. Meus amigos estão chegando. Que pena, amanhã, às quatro horas? Talvez. Talvez, não, com certeza, preciso de vc. Ok, adeus. Adeus, não, bjim, bjim. Bjão, bjão. Fui.

domingo, 15 de junho de 2014

IRRITAÇÃO




  É uma bactéria venenosa, nociva, invisível e contagiosa. Contaminação imediata que passa de mão em mão, isto é, de pessoa a pessoa.

Em princípio, irritação é um estado de humor. E esse estado é contagioso. Imagine-se a sua bactéria, supostamente denominada de IMPERIL – e, como bactéria, é venenosa, invisível e transmissível. A contaminação é imediata e a Imperil passa de mão em mão, isto é, de pessoa a pessoa.
Irritação – Estudo e conclusões de Torkon Saraydarian revelam que a bactéria “imperil” sobrevoa e infecta ambientes e, pelos órgãos do sentido: visão, audição, olfato, gustação ou pela fisiologia, infiltra-se silenciosamente no organismo das pessoas. Conclui que todas as emoções são transmissíveis e que a irritação acompanha todas elas.
Uma pessoa que chora andando pela rua faz estragos emocionais a todos que encontrar. Um ator que ri em cena transmite sorrisos. Um drama assusta e constrange. Uma pessoa irritada provoca reações semelhantes de imediato. Eis a questão.
Deve-se, portanto, ter o cuidado de não contaminar-se com essas bactérias nocivas e nem de transmiti-las indiscriminadamente à população, sem pensar nas consequências e nos malefícios que estariam causando, mesmo que inconscientemente.
Como se contraem essas bactérias? Seu habitat pode ser encontrado, principalmente, em lugares ou situações especiais. Alguns desses lugares e algumas dessas situações podem ser identificados.
Principais fontes de transmissão e contaminação de imperil:

  1. Extorsão, corrupção, violência, morte, desemprego, prejuízo, abuso, sofrimento, miséria, fome, desgraça e assemelhados;
  2. Ódio, vingança, rejeição, desamor, perseguição, punição, prisão, exílio, tortura, preconceito;
  3. Egoísmo, modo próprio de ver as coisas, exigência imperativa    e exclusiva, autossuficiência, intolerância;
  4. Queixas, lamúrias, reclamações, amargura, frustração;
  5. Crítica, bisbilhotice, ironia, sarcasmo, azedume, desejo de tripudiar;
  6. Ingratidão;
  7. Sentimento de inferioridade, de fracasso, de deficiência, de desvantagem;
  8. Distorção, mentira, calúnia, fofoca, difamação, deformação, rejeição;
  9. Impaciência, ansiedade, angústia, pressa, agitação, exigência, perfeccionismo;
  10. Barulho, agitação, ruído, divórcio, separação, crime, fatalidade, acidente, desastre, nojo, fedor. 
Todos estes elementos são portadores de imperil, portanto, causadores de irritação.
Há pessoas que se amarram em assistir pela televisão a programas carregados de imperil. Sofrem as consequências acumuladas que vão transparecer nos seus procedimentos diários. Também na sua vida que corre. Tudo é incorporado imediatamente, sem dó nem piedade.
Assim, as pessoas vão se irritando um pouco a cada dia.
Assim, as pessoas vão transmitindo, também, um pouco de imperil a outras pessoas de sua convivência, como veículos de contaminação de irritação constante.

sábado, 17 de maio de 2014

EU ACREDITO!!! AH! AS CRENÇAS!



Eu acredito! A força interior clama pela famosa semente de mostarda que remove a montanha! Se alguém achar que é capaz de conseguir um objetivo, ele conseguirá. Se achar que não vai conseguir, ele não conseguirá. E, em ambas as alternativas, ele terá  razão sempre.
“You can get it, if you really want. Jimmy Cliff”


Por volta disso, surgem as crenças. Todas elas, inclusive as religiosas. É um jato surgido do mais profundo dos seres que rompe todas as barreiras da realidade ou da ciência. Eu acredito! A fé salva a vida, salva as pessoas. E de onde vem essa força interior? Ela vem das crenças herdadas no leite materno, ou adquiridas no decorrer da vida. Muitas delas sem nenhum fundamento psicológico, mas, para essa pessoa, é  a arma, ou é escudo. Inútil tentar demover uma crença. Nem o poder da ciência, nem a demonstração clara e objetiva seriam capazes. Melhor assim?
Leite com manga faz mal!
Surgida essa crença no período colonial, ela permanece viva e altaneira. Ninguém ousa aventurar a uma experiência demonstrativa. Sempre há uma dúvida, justificando a crença.
Você acredita que as abelhas se comunicam pelo celular? Você acredita que os cupins transitam com GPS? E que os morcegos têm radar? Em time que está ganhando não se mexe? E os treinadores de esportes de qualquer modalidade acolhem essa crença sem pestanejar. É uma boa crença? Muito boa para quem acredita nela, mas sob o ponto de vista da realidade, não tem suporte de credibilidade. O adversário mexe e ganha o jogo. Mudanças são sempre necessárias de acordo com o desempenho do time. Os seres humanos são regidos pelas crenças. Não adianta lamentação. Cada um carrega umas centenas de regras fixas, incorporadas no seu inconsciente. É como se fosse o manual do usuário. Não se pode nascer ou viver sem ele. 
O brasileiro tem síndrome de vira-lata! Deus é brasileiro! São informações adquiridas no meio social que ficam pendentes para possível saída emergencial. Quem com ferro fere, com ferro será ferido! A mão que afaga é a mesma que apedreja! Laranja madura, na beira da estrada, é azeda ou tem marimbondo perto! Uma desgraça nunca vem só!  Crenças são informações internas que surgem independente da vontade. Vêm do inconsciente.
Alguém poderia disparar o controle remoto e tomar as rédeas?
Tudo que alguém faz é porque quer e acredita. Tudo. A roupa que veste, a comida que come, os amigos que acolhe, as festas que participa, a música que ouve, o motivo que faz chorar e o motivo para ser feliz. Sinalizadores de sentimentos. Algumas dessas crenças conduzem a ideais mais elevados e outras derrubam qualquer projeto de qualquer empreendimento. Há tantas bobagens impregnadas na mente que a avaliação delas se torna inaceitável. Mentiras para si mesmo. Um grande lixão incorporado que é transportado nos itinerários de vida.
Outra crença interessante: - Trate o outro como você gostaria de ser tratado. Certo ou errado? Melhor seria: “trate o outro como ele gostaria de ser tratado.” – Veja bem: – Para um garotinho, correndo na rua atrás de uma bola, alguém pode gritar: “Fique esperto, garotão, senão o carro te pega!” – Mas se é uma senhora idosa que está atravessando a rua, alguém deve fazer uma comunicação de modo diferente: “Cuidado, minha senhora, vem um carro aí.” Usa voz respeitosa. Metacognitivo? Pensar no próprio pensamento, para analisar ou dissecar a própria crença? É possível? Claro que é possível. Entretanto, a pessoa pode cair em outra crença porque a capacidade de análise pode ser tendenciosa. Surge uma nova crença. Crença é a opinião que se adota com fé e convicção. Convicção íntima que rege a vida. Acreditar é ter certeza. Assim: “Quando você tem certeza, está emitindo energia positiva que se traduz em ondas harmônicas. O universo acolhe essas ondas e conspira a seu favor. – Robert Wong. E as centenas de provérbios que rodam a face da terra? Alguns estimulam, outros inibem, outros agridem, mas todos querem ensinar e perpetuar com a sua verdade, a sua sabedoria intrínseca. Transportam verdades confirmadas? Nem sempre, mas comandam comportamentos. Eu acredito! Força interior. E o poder das orações? Elas são forças construídas e empenhadas para qualquer santuário para qualquer religião confirmar. Acredita mesmo? Há um pedido? Receberá. As novenas têm a força da convicção do desejo confirmado e ratificado para ser transformado em realidade firme e ardentemente almejada. Certeza de resultado! “Peçam, e será dado! Busquem, e encontrarão! Batam, e a porta será aberta!” – Mateus 7,7 – Bíblia.
As pessoas têm que acreditar – Acredito no futuro, porque é onde vou passar o resto da minha vida. – Woody Allen.
Acreditar é preciso! Sem acreditar, nada acontece, porque quem não sabe o que quer e nem para onde quer ir, não vai a lugar nenhum. Qualquer coisa serve. Qualquer lugar serve. Eis o resultado!Um vendedor, em sua viagem diária para o trabalho, vislumbrou a figura da santa de sua devoção, perto de uma usina hidrelétrica. Uma aparição? Firmou seu pensamento e rogou. Nesse dia, foi bem-sucedido nas vendas. No dia seguinte, no mesmo local, teve a mesma a visão e rogou. Sucesso total nas vendas. Assim foi acontecendo durante algum tempo, sempre vislumbrava a imagem da santa de sua devoção. Um dia, resolveu agradecer pessoalmente a essa santa. Desceu do carro e caminhou até ela. Surpresa! Não era uma santa, mas simplesmente, uma bomba d´água! O fato não é uma irreverência, mas pode mostrar o poder que existe no interior das pessoas, impulsionado por algum fator externo. Uma crença.
Cada pessoa constrói a sua estrada na vida com as ferramentas fornecidas pelas suas crenças. Um herói ou um bandido? Um juiz ou um réu? Sempre dizem que deve-se tomar chá em criança. Sim! Sim! A qualidade desse chá é fundamental para a formação integral da personalidade humana.



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