quinta-feira, 31 de outubro de 2013

VANDALISMO E TERRORISMO – SEMIÓTICA VIII

São ações que falam por si – e falam alto – utilizando formas agressivas de expressão.

Vandalismo e terrorismo são formas de expressão e estão enfileiradas no poderio da comunicação, no domínio da Semiótica. Por que não acolhê-las e incluí-las no rol de suas formas e maneiras violentas de expressão?
Os vândalos andam livremente soltos pela sociedade afora. Identificá-los todos? Seria jogar combustível no fogo.
Por outro lado, esses vagabundos que não trabalham, não produzem e nem querem se educar estão também livres pela sociedade afora. Há de se questionar as fontes do vandalismo implícito. Cada povo analisa as pressões inculcadas na sociedade e procura se manifestar. O povo quer ir ao paraíso e procura saber de tudo. Os tempos mudaram, os tempos são outros. Esse povo, hoje, pela mídia, fica por dentro de tudo que se passa, mesmo nas altas esferas. E reage. Cada pessoa tem o poder de julgar e até mesmo de condenar, ações das próprias autoridades constituídas. “Não julgueis para não serdes julgados!” – Expressão perdida no tempo e no espaço pela sua inconsistência psicológica diante do poder do ser humano. Julgam-se, hora a hora, qualquer pessoa pelo seu modo de andar, pelo penteado, pelas suas expressões faciais, pelo olhar, pelo sorriso, pelos gestos das mãos e, principalmente, pelas ações, num átimo. Surgem aplausos, surgem reações nos protestos.
Essas expressões violentas de protesto são criminosas, sob o ponto de vista do Estado, guardião dos interesses do povo.
Cuidado com o erro de diagnóstico na interpretação dessas ações porque elas são de revide. As reações em cascata podem ser mais violentas ainda, em pleno vandalismo explícito e consciente.
Ah! Vandalismo explícito? Ele não tem pudor por não esconder a sua cara. Torna-se, também, elemento provocador, como adversário em times opostos, jogando o mesmo jogo. De um lado, pedras, pau, estilingue, martelo, quebra-quebra, bolas de gude e a turba insana. Do outro, cassetetes, tiros com balas de borracha, de efeito moral e mesmo, tiros reais e mortíferos. Contendores em desigualdade de condições. Sim! Mas qual é o elemento provocador? O Estado ausente, a corrupção, a desonestidade, a disparidade de salários de máximo e mínimo, a dura legislação em cima do povo, os impostos, as multas. Ah! As multas! Nem Jesus Cristo aguentou e reagiu.
Essas interpretações e esse julgamento ficam arquivados e se escondem no inconsciente de cada um, para brotar, repentinamente, em situações e lugares impensáveis, nas mais diversas formas de expressão.
Essa memória reservada não tem forma definida, daí, a imprevisibilidade da sua manifestação. São forças acumuladas que podem despencar como cachoeiras indomáveis. E cachoeira que não faz barulho não é notada. Daí, a violência como forma de expressão imediata. Transgredir é a meta. Derrubar, arrastar, quebrar, destruir. Transferência objetal! Eis o nome: transferência objetal. O time perdeu, quebra-se o rádio, quebra-se o televisor. Destruir uma coisa por outra, para pagar o pato. Surge a violência teatral, o verdadeiro vandalismo. Abaixo a tirania, para isso deve-se incendiar um carro qualquer. Resolveu o problema da ausência do Estado ou apenas teve uma satisfação íntima do dever cumprido na manifestação do seu sentimento? Encontrou o seu verdadeiro inimigo? Conseguiu derrubá-lo? O vândalo e o terrorista são permanentemente frustrados em suas metas, por não atingir diretamente os seus inimigos, pois são  inatingíveis. Continuam procurando, na sua luta de cobrança. Assim, são.
E cada um desses vândalos ou desses terroristas pensa de forma diversa e se expressa, não com palavras, mas com ações de violência, porque é o recurso que dispõe. Entretanto, existem outras tantas maneiras de protestar e de se comunicar.     

sábado, 12 de outubro de 2013

O MAGO - COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO

DE FERNANDO MORAIS E DE PAULO COELHO

 

Paulo Coelho tornou-se o autor vivo mais traduzido do planeta, pondo a salvo a literatura brasileira, cujos autores não vão além das quatro linhas, apesar dos ministérios, das medalhas, dos fardões e dos chás das cinco. Muita ornamentação, muita esnobação, pouca produção, nenhuma repercussão.

 

O MAGO – MORAIS, Fernando. Editora Planeta do Brasil: São Paulo, 2008 – Além de editado no Brasil, está sendo publicado em 30 países. São 630 páginas, 30 capítulos, 101 entrevistas, com guia onomástico de 846 referências pessoais. 
Não é a primeira vez que Fernando Morais enfrenta uma pedreira dessa natureza. Esse livro foi iniciado em fevereiro de 2005 e concluído em fevereiro de 2008.

Não é, pois, a primeira vez que Fernando Morais, membro da Academia Marianense de Letras (MG), ocupando a cadeira número 13, antes ocupada por Tancredo Neves, enfrenta uma barreira dessa magnitude, tendo pela frente a figura controvertida do escritor Paulo Coelho. Controvertida mas que, nas duas últimas décadas, tornou-se fenômeno literário da humanidade. Paulo Coelho, místico, misterioso, fabulista, persignado, cheio de mandalas e crenças, rodando pelo mundo afora, ergue sua aura aos deuses e pede proteção. Agora, Paulo Coelho, autor de 22 livros, com vendagem mundial de mais de cem milhões de cópias, com 455 traduções publicadas em 66 idiomas e 160 países, excluídas as edições piratas. Paulo Coelho, o autor vivo mais traduzido do planeta.

Fernando Morais vem contribuindo decisivamente para fundar a biografia como modelo literário no Brasil, tendo já obras traduzidas em 19 países. Esta é a sua oitava investida no campo dos grandes desafios.

Desta vez, Paulo Coelho foi dissecado nos mais recônditos esconderijos de seu íntimo, sem dó nem piedade. Assim, pode-se dizer que um dos grandes méritos da obra seria a honestidade intelectual demonstrada com o biografado. Não escondeu, não inventou eufemismos, não mistificou e não crucificou. Nem o biografado nem o leitor.  Quando se disseca uma biografia, a primeira impressão que ressalta é a de que o biografado vai ser enaltecido até as raias das inverdades. Principalmente quando ele ainda vive. Neste caso, não. Apresentou um trabalho de fôlego, árduo, longo, pesado e de grande responsabilidade, principalmente porque o biografado está vivo e depois de publicada a biografia, pode estar cara a cara com ele.

É, antes de tudo, à primeira vista, um trabalho braçal – apesar de intelectual. O bastidor tinha que trabalhar como uma oficina industrial, com equipe montada para estabelecer contatos, selecionar textos e fotografias, discutir os rumos da obra, contestar, digitar, contabilizar despesas, disponibilizar recursos para viagens e entrevistas, bem como outros procedimentos assemelhados. Para tanto, relacionou em primeiro lugar o seu amigo Wagner Homem, craque da informática. Depois, seus dois irmãos, Ricardo Setti e o outro,  Reinaldo Morais, em disponibilidade de tempo integral.

Resta uma pergunta que fica no ar, mas que vale a pena emitir: Quem é o fenômeno nesta obra? Paulo Coelho ou Fernando Morais? O autor sempre aproveita um pouco da fama ou do prestígio do biografado, contaminando-se em suas glórias e vitorias. Juntos, de agora em diante, estarão constituídos numa dupla Coelho e Morais, enfrentando as falanges dos dragões. Não há barreiras para eles, alcançando horizontes cada vez mais largos. Paulo Coelho continua em ação, rodando o mundo, pesquisando, enveredando-se no misticismo e alardeando mistérios insondáveis. Fernando Morais continua com a oficina aberta, dando vazão a biografias de vultos memoriais e contribuindo para fixar o modelo de biografias como formato literário sempre ao paladar dos leitores.  (Agosto 2008)

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