segunda-feira, 26 de agosto de 2013

INDÍCIOS – SEMIÓTICA VII

O mito das provas. Elas representam indícios e podem ser construídas para aprovar ou reprovar. Em jogo a intencionalidade.



Semiótica envolve o estudo dos signos. Os signos envolvem símbolos, ícones e indícios.

Os indícios estão disponíveis à decodificação ou à interpretação de qualquer pessoa. Cada qual interpreta como pode, de acordo com seu nível cultural. Ou como lhe convém? Dependem, entretanto da acuidade perceptiva de cada ser humano. Assim, a visão, a audição, o olfato, a gustação e, finalmente, a cinestesia (peso, textura, etc.) ficam alertas. Cada qual no seu posto de observação e de vigilância. 
Uma nuvem que se torna escura e um relâmpago são indícios de chuva por perto. Pode não chover. Entretanto, os indícios estavam disponíveis e podiam prever chuva por perto. Houve indícios.
Uma febre que surge inesperadamente não é uma doença em si. É um aviso de que há alguma coisa que não está indo bem no corpo humano. É um indício. 
Onde há fumaça há fogo. É uma crença. Entretanto, pode não ser verdadeira, mas é um indício.

Uma radiografia e uma análise clínica revelam em seus resultados uma possibilidade, um indício. O diagnóstico médico torna-se evidente. Centenas e centenas de vezes esses métodos de análises clínicas foram feitos, repetidos, analisadas, testados e comprovados para depois poderem chegar a uma conclusão num formato ideal, que traga segurança na tomada de decisão, partindo de um indício, de uma suposição, de uma hipótese. Assim, qualquer medicamento ao ser colocado em uso passou por esse crivo, sendo cientificamente testado, experimentado e comprovado, a partir de um indício. O próprio diagnóstico é um parecer passível de comprovação e torna-se um indício.
As provas pedagógicas ou provas de seleção apresentam indícios de conhecimento, inteligência, capacidade profissional ou personalidade. Usam-se instrumentos indiretos que proporcionam alguma fidedignidade. Não deixam de serem indícios. Seus resultados, entretanto, tornam-se passíveis de interpretações diferenciadas. A fidedignidade será fruto de aplicações repetidas, a público assemelhado e delimitado, e em condições idênticas, para padronização e garantia de credibilidade nos seus resultados, como são feitos os testes psicológicos.
Em continuidade, também o olfato revela outro mundo de sensação e de percepções. Transportam indícios de fácil tradução, vindos pelo vento, pela natureza, pelos perfumes e por tantos outros odores, catalogados internamente. O olfato entrou em decadência quando o ser humano foi se transformando em bípede. Entretanto, forte ainda, é capaz de provocar as mais divergentes reações. O despertar do sexo, da volúpia, da libido. Ou da náusea e da rejeição. Representam indícios seguros para interpretação imediata.
E o paladar, pelo poder gustativo, representa outros poderosos indícios? A percepção de sal, de doce, de azedo, de amargo traz sensações agradáveis ou repulsivas. Há a sensação de alerta pela porta de entrada, a boca e a língua. Traz um indício poderoso, um vigilante atento e incorruptível, responsável que é pela administração e pelo bem-estar do corpo. Um descuido pode ser fatal. Cumpre examinar constantemente os indícios representados pelos variados sabores e aprovar ou reprovar sem piedade e sem cumplicidade. 
Em continuidade, ainda, há os futurólogos que são capazes de fazerem previsões. São pessoas cultas e estudiosas que estão analisando e prevendo acontecimentos, até mesmo o destino da humanidade. Suas teorias são indícios.
Há os meteorologistas que interpretam dados para o clima em qualquer parte do mundo.
Há os astrônomos que utilizam equipamentos sofisticados para alcançar as grandes distâncias do espaço e calcularem os fenômenos da natureza, a vida dos astros. Embora haja equipamentos que calculam com precisão, suas teses podem ser consideradas, algumas vezes, como indícios. 
A grafologia e a quiromancia especulam traços de personalidade, comportamento e previsões.

Horóscopo, cartas, tarôs, búzios? E os videntes? E as cartas jamais mentem? Seriam indícios? Tudo isso fala alguma coisa para alguém. Comunica e influencia.
Não há argumentos contra os indícios. Se houver um indício, existe uma possibilidade. Por outras vezes, mesmo sem indícios, as coisas acontecem. Entretanto, os indícios são inumeráveis e não catalogáveis.

Ah! E os sonhos? Trazem algum indício? Freud foi também um explicador de sonhos.
Assim, os indícios estão disponíveis. Cada qual tira as suas conclusões, dentro das possíveis controvérsias. E a discussão reforça as teses. 
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