sexta-feira, 25 de março de 2016

ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO




INFORMAÇÕES GERAIS.
O ENEM é o segundo maior exame seletivo do mundo


O Ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, (1.945 – 2.011) instituiu o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, pela necessidade de normatizar os procedimentos de credenciamento de instituições para oferta de cursos de graduação e educação profissional. A Portaria 301 de 7 de abril de 1998 foi então publicada no Diário Oficial da União – DOU - no dia 9 de abril de 1998, com a Lei número 9.394, de 20 de dezembro de 1.996, pelo decreto 2.494, de 10 de fevereiro de 1.998, assinada pelo Presidente da República, professor Fernando Henrique Cardoso.
Portanto, ENEM é a sigla de EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO, que foi criado pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC – para testar o nível do aprendizado dos alunos que concluíram o ensino médio no Brasil. 
Atualmente, os resultados obtidos no ENEM ajudam os estudantes a ingressar em universidades públicas ou ganhar bolsas de estudo em instituições particulares.  É o maior processo seletivo em nível nacional, abrangendo mais de 7 (sete) milhões de candidatos para participar das provas. No ano de 2015, inscreveram-se 7.746.057 candidatos, cuja maior participação por unidade da federação foi a seguinte:

SP                    901.354
MG                  607.838
BA                    424.325
RJ                     335.709
RS                    329.542

As provas foram aplicadas em 1.661 cidades do país.  O exame não é obrigatório, mas é essencial para aqueles que desejam ingressar em universidades públicas, ou participar de intercâmbio.
Este exame é apresentado em 4 (quatro) provas objetivas com 45 questões de múltipla escolha e uma redação. São apresentadas as áreas de conhecimento de:
  • CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS (História, Geografia, Sociologia e Filosofia;
  • CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS (Química, Física e Biologia);
  • MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS (Matemática);
  • LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS (Língua portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira, Educação Física, Artes e Tecnologias da Informação e Comunicação) e, finalmente,
  • REDAÇÃO (dissertativa / argumentativa).  
Na REDAÇÃO, o candidato deve seguir as quatro competências exigidas:
  •  Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita;
  • Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumento;
  • Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos;
  • Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Aqui estão os TEMAS DE REDAÇÃO que foram propostos, desde a criação do ENEM.

1.998 -  Viver e aprender.
1.999 -  A cidadania e participação social.
2.000 – Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional.
2.001 – Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar interesses em conflito.
2.002 – Direito de votar: como fazer desta conquista um meio para fazer as transformações sociais que o Brasil necessita.
2.003 – A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras do jogo.
2.004 – Como garantir a liberdade da informação e evitar abusos nos meios de comunicação?
2.005 – O trabalho infantil na sociedade brasileira.
2.006 – O poder da transformação da leitura.
2.007 – O desafio de conviver com a diferença.
2.008 – Como preservar a floresta amazônica: suspender imediatamente os recursos, dar incentivos financeiros aos proprietários que deixarem de desmatar ou aumentar a fiscalização e  aplicar multas a quem desmatar. “A máquina da chuva na Amazônia.”
2.009 – O indivíduo frente à ética nacional. Qual o efeito em nós: eles são todos corruptos. A valorização do idoso.
2.010 – O trabalho na construção da dignidade humana.
2.011 – Viver em rede no século 21: os limites da vida pública e privada.
2.012 – Movimento migratório para o Brasil, no século 21.
2.013 – Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil.
2.014 – Publicidade infantil em questão no Brasil.
2.015 – A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.  

Grande número de participantes não consegue nota mínima na redação. Não se pode dizer que sejam temas de fácil dissertação e argumentação. Exige-se muito do candidato. Esses temas mais parecem teses de mestrado e, se o candidato não tiver amplo conhecimento de movimentos culturais e sociais do Brasil e do mundo moderno da tecnologia, fica mesmo com grandes dificuldades. Por isso mesmo, uma nota máxima na redação é sempre difícil.  
O ENEM é, pois, o segundo maior exame seletivo do mundo, sendo o primeiro, o exame de admissão ao ensino superior chinês. Inicialmente, o ENEM foi criado para avaliar a qualidade da educação nacional. Teve a sua segunda versão em 2009, com o aumento do número de questões e utilização da prova para substituição do exame  vestibular das universidades do país. Tem a duração de dois dias, com 180 questões objetivas, além da redação.
Através das notas obtidas os alunos podem candidatar-se a vários programas. As 7 maneiras de utilizar as notas do Enem
  1. SISU ( Sistema de Seleção Unificada ) é um programa que permite que os alunos que fizeram o ENEM possam disputar vagas nas Universidades Federais. Vale lembrar que, para concorrer a estas vagas, a condição básica é não tirar zero na redação.
  2. PROUNI ( Programa Universidade para Todos) para facilitar o acesso de alunos carentes ao ensino superior. Oferece bolsas de estudos de 50% ou 100% da mensalidade em faculdades particulares. Para concorrer a estas vagas, o estudante precisa obter, no mínimo, 450 pontos na média das cinco notas do exame. As vagas do são reservadas para estudantes de baixa renda. Neste caso, os alunos que zerarem a redação também serão eliminados.
  3. FIES (Fundo de Financiamento do Estudante do Ensino Superior). Quem deseja solicitar precisa ter obtido nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio, além de não ter tirado zero na redação. Podem concorrer ao financiamento os alunos que terminaram o ensino médio a partir de 2010. É bom ressaltar que os estudantes que recebem bolsas do Prouni só poderão utilizar o Fies para completar o valor da mensalidade do mesmo curso e na mesma universidade.
  4. UNIVERSIDADES PRIVADAS. A nota do Exame Nacional do Ensino Médio pode ser utilizada, ainda, para ingressar nas universidades privadas. Diversas instituições particulares utilizam a nota do Enem em seus processos seletivos. Neste caso, é necessário entrar em contato com cada uma delas para verificar como é feito o processo seletivo.
  5. Programa Ciência sem Fronteiras. Se você tem o sonho de viajar para estudar no exterior com bolsa do governo o Enem é requisito obrigatório. Para se candidatar a estas bolsas é preciso estar matriculado em um curso de graduação ou de pós-graduação, ter bom desempenho acadêmico, dominar uma língua estrangeira e possuir nota igual ou superior a 600 pontos no Enem.
  6. SISUTEC ( Sistema de Seleção Unificada de Educação Profissional e Tecnológica. Este programa só abre inscrições após o encerramento do Sisu e do Prouni. Convoca candidatos que já concluíram o ensino médio para realizarem cursos técnicos gratuitos.Para este sistema, o Ministério da Educação não exige pontuação mínima no Enem.
  7. Certificado de conclusão do ensino médio. Finalmente o Enem serve ainda para as pessoas que desejam obter certificado de conclusão do ensino médio. Para isso, é preciso ter mais de 18 anos e informar esta opção no ato da inscrição. O candidato deverá obter mais de 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento e  mínimo de 500 pontos na redação.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O PRIMEIRO SALÁRIO



Juliana Bertolino era aluna da quarta série do Ginásio Comercial do SENAC, em Belo Horizonte, no final da década de sessenta.


Juliana, finalmente, conseguiu um emprego. Ela teve que lutar muito, estudar, treinar para conseguir esse emprego de vendedora, numa grande loja e agora estava com o seu primeiro salário nas suas mãos. Uma alegria incontida. Planos, fantasias, viagens e tudo mais. Além de poder ajudar sua família nas despesas da casa.
Participava de curso noturno, numa turma heterogênea, constituída de jovens que trabalhavam durante o dia e estudavam à noite. Portanto, eram moças e rapazes que já estavam se despedindo da adolescência.
Nessa noite de festas para o seu ego vitorioso, ao dar o sinal para o intervalo do lanche, Juliana e todos saem das salas e vão diretamente para a cantina.
Ao regressar, Juliana verifica que o envelope que estava na sua pasta, contendo o seu primeiro salário, tinha desaparecido. O dinheiro voa, mas  tem pés? E não vai fugir sozinho.
Juliana, mediante o choque pela sua perda, comunica, já em prantos,  ao professor na sala a ocorrência. Primeiramente, o professor pergunta à turma se alguém tinha informações sobre esse desaparecimento. Ninguém viu, ninguém sabia de nada. Juliana entra em desespero. Já tinha empenhado esse salário com tantas coisas que precisava na vida. Agora, tudo era feito em cinzas. Não resistiu a um ataque de nervos. Todos os colegas tiveram conhecimento desse desaparecimento.
O professor mandou chamar o diretor, e ele veio acompanhado do orientador educacional. Primeiros contatos. Nada. Ninguém viu e ninguém sabia de nada. Agora, entretanto, o caso passou para a responsabilidade de todos e todos estariam envolvidos nesse lance. Todos os alunos passaram de imediato a serem suspeitos. Turbulência geral. Os trinta colegas estavam envolvidos nesse desaparecimento, ou melhor, nesse roubo.
Diante da gravidade dos fatos, o diretor levantou duas alternativa: chamar a polícia ou fazer revista em todos os alunos. O orientador classificou essas medidas como antipedagógicas. Diante disso, o diretor passou a responsabilidade ao orientador para resolver esse impasse, retirando-se em seguida.
O professor da matéria do momento foi afastado e o orientador tomou a direção do espetáculo, quer dizer, da aula, já que as opiniões dos alunos se divergiam e as emoções tomaram acento no meio da turma. Clima de tensão generalizada pelo pranto convulsivo da Juliana. Um copo de água, uma palavra de tranquilidade de uma colega. “Fique tranquila, Juliana. Tudo vai sair bem.” Remédios sem eficácia. A tensão aumentava.
O orientador, inicialmente, recolheu dados e informações sobre o ocorrido, diretamente com a aluna, Juliana. Depois, conversou livremente com alguns dos alunos. Suspeitos? A turma inteira, mas principalmente aqueles que se sentavam mais próximos da vítima. Juliana tinha certeza de que o envelope de dinheiro fora  perdido na sala, porque ela tinha contado a colegas o recebimento de seu primeiro salário na vida. Houve constatação. Juliana tinha a certeza de que tudo estava em perfeita ordem até a sua saída para o lanche.
Diante dessas informações recolhidas, o orientador imaginou administrar um psicodrama. Essa técnica, preconizada pelo psicólogo romeno, Levy Moreno, (1889 – 1975) estava na moda. Não foi difícil a preparação e escolha dos voluntários artistas para desempenhar papéis a serem interpretados espontaneamente. A cena foi improvisada e as personagens se projetaram de maneira brilhante. O grupo assistia estarrecido a algumas revelações dos artistas. Alguns dos alunos queriam terminar logo essa farsa  porque precisavam ir para casa, cansados pelo trabalho, mas ficaram interessados no que viam e ouviam.
A cena improvisada foi um sucesso. Uma das alunas, uma garota de mais de 18 anos, negra, viveu um grande papel nesse teatro imaginário. Confessou ter tirado o dinheiro, relatou como, quando e quanto, sempre com naturalidade, que deixou os colegas perplexos. Como ela teria coragem de fazer o que fez?
O orientador ficou maravilhado com o sucesso da sua técnica. Por mais de vinte minutos a tragédia foi elucidada. O orientador ficou exultante. Que fazer agora? Pedir que essa aluna entregasse o dinheiro que tinha tirado da bolsa da colega e tudo estaria resolvido.
“Que dinheiro?” “Esse que você tirou da colega.” “Eu tirei da bolsa da Juliana?” “Sim!”  “Mas eu não tirei nada de ninguém e nem tiraria.” “Mas você não acaba de declarar na frente de todos os colegas, aqui presentes, que foi você mesma que tirou o dinheiro dela?” “Nunca! Isso nunca”. E acompanhou Juliana no seu pranto convulsivo.  Eis mais um problema para o orientador. Essa aluna,  de nome Dilma, entrou em desespero. Estava sendo acusada de um fato que ela não tinha nada a ver com ele. Desabou em prantos. Mas o orientador, convidou Juliana e Dilma para irem ao gabinete do Diretor. As duas, em prantos. Situações opostas convergindo para um mesmo objetivo. E o diretor, com pouca habilidade, recomenda à Dilma entregar imediatamente o dinheiro roubado.
“Roubado? Eu não roubei nada.”  “Mas o orientador me disse que você já tinha confessado. Precisamos resolver isso rápido porque está ficando tarde. As aulas já se encerraram.”
Dilma, em lamentações, comunica que fez um papel no psicodrama, tudo sob o ponto de vista virtual, nada de real. Ela apenas fez teatro, recomendado pelo orientador.      
O tempo passa e o diálogo do diretor vai ficando mais tenso e ameaça chamar a polícia. Ela seria interrogada na delegacia. O orientador procura acalmar os nervos e tudo acaba sem ter nada resolvido. Já era tarde e a turma estava desesperada pelo adiantado da hora e pela possibilidade de perder ônibus para casa. Aguardar. Nada resolvido.
No dia seguinte, pelas 14 horas, a mãe da aluna Dilma aparece para falar com o diretor do ginásio. Vinha armada de bons argumentos e com um vocabulário forte e pesado. Ameaçou. Ameaçou e pediu justificativas. A filha estava traumatizada. Na família nunca houve um ladrão. Houve violências e até mortes. Queria tudo resolvido e a filha livre dessa maldição, desse pesadelo.
O diretor, acuado, justifica sem argumentação condizente. Explica, e finalmente, negocia. Iria pensar e propor alternativas. “Que dia? Amanhã?” “Sim, pode ser”. “Volto amanhã .” 
O primeiro salário da aluna Juliana nunca foi encontrado. Neste caso, o segundo salário seria, pois, o primeiro. Guardado a sete chaves e sem contar nada a ninguém. E a aluna Dilma conseguiu bolsa de estudo até o final do curso e posteriormente, poderia matricular-se no curso que melhor lhe aprouvesse, com bolsa integral. E o caso foi encerrado, com sucesso.   

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