quarta-feira, 24 de abril de 2013

ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE - V



5ª Carta virtual ao doutor João Pinheiro da Silva (1860 – 1908)


ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE,
Capital do estado de MINAS GERAIS, inaugurada em 12  de dezembro de 1897 - BRASIL


 Belo Horizonte, 12 de dezembro de 2011


PREZADO AMIGO EX-GOVERNADOR JOÃO PINHEIRO DA SILVA!

Esta é a minha última carta. Aqui me despeço, sempre muito respeitosamente. Estamos comemorando hoje, dia 12 de dezembro, os 114 anos da nossa cidade: Belo Horizonte. Jovem, majestosa, altaneira. Moderna. Totalmente moderna. Tantos poetas já se encantaram com ela, a partir de Mário de Andrade que, numa visita, chamou-a de “cidade jardim”, “cidade vergel”.

Não é feriado municipal. Uma injustiça! É uma cidade que não comemora o seu aniversário. Muitas razões, nenhuma verdadeira. Acredita? Os vereadores da cidade tiveram ousadia de eliminar o feriado comemorativo do aniversário de nossa BH, por causa do feriado religioso de 8 de dezembro, quatro dias antes. Foi justo? Foi correto? Foi sem maldade no coração? Transferimos, por acaso, as datas do aniversário de nossos filhos e ou de nosso pai, ou de nossa mãe para outro dia qualquer?   Uma capital, corajosamente idealizada, construída e implantada na região central do seu estado, corajosamente implantada, com muitos sacrifícios, nas cercanias da serra do Curral, com o objetivo de representar os sonhos e as esperanças de todos os mineiros, pode ser relegada a um mau olhado qualquer? O desrespeito às nossas tradições, aos nossos valores, à nossa dignidade faz com que a nossa autoestima venha sendo carcomida e desgastada.
Vereadores da capital do estado de Minas Gerais! Restabeleçam as adequadas e merecidas homenagens à bela cidade de Belo Horizonte, no dia de sua inauguração, 12 de dezembro de 1897. Cumpre ser declarado feriado municipal para a comemoração festiva dessa data.


Aqui me despeço respeitosamente agradecido. 




segunda-feira, 15 de abril de 2013

ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE - IV


4ª Carta virtual ao doutor João Pinheiro da Silva (1860 – 1908)

ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE,
Capital do estado de MINAS GERAIS, inaugurada em 12  de dezembro de 1897 - BRASIL



Belo Horizonte, 2 de dezembro de 2011


CARO E PREZADO JOÃO PINHEIRO!
SAUDAÇÕES RESPEITOSAS

Os que sempre mudam são os ciganos e os bandeirantes. O destino deles é viajar. Hoje, também os astronautas.
Mudando um pouco a convergência dos nossos assuntos, lembrei-me de comentar alguma coisa que é também do seu conhecimento. É sobre a matriz da Boa Viagem. Aliás, Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem. Ela foi construída pelo povo de Curral del-Rei, com muita devoção e carinho. Era antes uma capela de taipa, de capim, tosca.        Com o tempo, com as reformas e adaptações constantes, tornou-se um templo de maiores dimensões, artisticamente posto para os atos religiosos da população que crescia e se envolvia em atividades do comércio e da agropecuária. Isso mesmo! A antiga capela de Nossa Senhora da Boa Viagem trazia consigo uma história bem fundamentada de um piloto da nau de Dom João V (1689 – 1750) que naufragou nas cercanias da ilha das Cobras no Rio de Janeiro, em 1709. Era o piloto da nau o senhor Francisco Homem del-Rei, que conseguiu retirar o nicho com essa imagem de Nossa Senhora da Boa Morte e guardou  essa imagem, portando-a consigo.
Mais tarde, chegando ao povoado de Curral del-Rei, iniciou a construção de uma capela para abrigá-la, tendo essa imagem como guia e padroeira.  Tanto tempo passou, tendo a decisão de tornar essa capela em confortável templo de orações. Trabalho continuado e persistente. Assim, a matriz teve a provável conclusão apontada para os anos de 1775/1776. Já não era uma simples capela, mas a matriz da freguesia de Curral del-Rei. Teve pois a sua missão de abrigar as almas religiosas por 135 anos. Agora, chegou a Comissão Construtora da Nova Capital com o objetivo formado quanto à estrutura arquitetônica da Cidade de Minas que não admitia a permanência de edificações em estilo colonial nem barroco.  Assim,  a matriz foi condenada à demolição, juntamente com todas as outras edificações religiosas existentes. 
Na primeira tentativa de demolição, as demais tombaram e a matriz da Nossa Senhora da Boa Viagem permaneceu mais alguns anos, mediante a intervenção popular e da diocese de Mariana. Mesmo assim, estava condenada e a sua  parte frontal foi demolida em 1911. Para substituí-la, foi iniciada a construção de catedral, estilo gótico, em 1912. Ainda inacabada, em 1923, ela foi inaugurada, disponibilizando-se para atos religiosos, substituindo a velha matriz.
Era pensamento firmado da Comissão Construtora da Nova Capital não deixar vestígios de Curral del-Rei, numa obstinação compulsiva contra o estilo colonial barroco. Com isso, nada configura esse povoado erguido por João Leite da Silva Ortiz, a não ser a fazenda do Leitão, ou fazenda do Cercado. Cruel reminiscência para as decisões da CCNC. Poderiam ainda não se perdoar por esse esquecimento, por esse lapso, deixando de pé essa gloriosa edificação memorial.  Hoje tornou-se o monumental Museu Histórico Abílio Barreto, com centenas de documentos que confirmam o passado do velho povoado. Esta fazenda do Cercado, hoje museu, é uma edificação que fala por si mesma, assombrando as demais edificações em estilo moderno que a rodeiam. Pressente-se que o espaço interno desse museu deva ficar livre e desimpedido para permitir a passagem dos visitantes no roteiro interno das edificações coloniais. O varandão, as salas, os corredores devem estar livres de outros objetos que não pertençam à época. A edificação, o museu fala por si.
Outros templos erigidos na Cidade de Minas, em estilo neogótico foram inaugurados na década de 20. A igreja de Lourdes (1922), de fino acabamento e sólida estrutura. Outros já seriam inaugurados como a igreja de São José e a Sagrado Coração de Jesus. Mas ainda são da década de 20 os monumentos da igreja de São Sebastião no Barro Preto e Nossa Senhora das Dores, na Floresta (1921).
Não se poderia deixar de informar sobre a presença do majestoso edifício do Automóvel Clube, estilo neoclássico, com projeto de Luiz Signorelli, inaugurado em dezembro de 1929 e da sede do Banco do Brasil, 1926, (Avenida Afonso Pena, ao lado do Café Nice).
Relembrando e confirmando que a inauguração do monumental Viaduto Santa Teresa, em 1929, tinha como governador-presidente, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e prefeito da capital Belo Horizonte, doutor Cristiano Machado. 
Doutor João Pinheiro! Quem somos nós para discutir princípios e metas dessa Comissão Construtora da Nova Capital, sobre a demolição total e radical da velha freguesia de Curral del-Rei?  Eles imaginavam uma cidade inteiramente moderna, sem nenhum vestígio do estilo colonial barroco de Ouro Preto. Nisso, nesse particular, foram determinados e realmente surgiu uma cidade com aspectos angulares do século XX. Foi uma decisão corajosa porque o povoado já contava quase 200 anos. Limpar a área, devastar o campo e fazer um amplo e belo horizonte. Foi realmente o que fizeram e obraram muito bem.
Como tinha previsto na minha carta anterior, o desenvolvimento do ensino público no estado deve tudo e principalmente à sua iniciativa. Lembra-se da inauguração do Grupo Escolar de Diamantina? Lembra-se de que dona Júlia Kubitschek, (1873 – 1971) mãe do ex-presidente Juscelino Kubitschek,  era  professora de uma das pequenas escolas particulares?  Lembra-se de que nas pequenas salas reuniam os alunos de todos os níveis de desenvolvimento? O professor ou professora ensinava a todos na mesma classe, ou melhor, havia apenas uma classe. Esse Grupo Escolar de Diamantina foi inaugurado em 1906, com a sua presença, claro. O filho de dona Júlia, Juscelino Kubistchek (1902 -1976) também estava presente e contava quatro anos de idade. Depois, imediatamente, o senhor se dirigiu para a sua cidade natal, Serro, para a inauguração também do primeiro Grupo Escolar da cidade. Com isso, os professores seriam remunerados pelo estado e haveria classes separadas para os alunos em seus diversos níveis. Assim surgiu este termo: Grupo Escolar no estado de Minas Gerais.
Em Belo Horizonte, outras iniciativas do mesmo sentido foram realizadas e o Grupo Escolar Barão do Rio Branco teve montagem especial e o senhor fazia questão de verificar a qualidade até do mobiliário, além das instalações, de modo geral, para conforto dos alunos e dos professores.
Imagine que o presidente do estado, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada  criou a Universidade de Minas  Gerais e, em 7 de setembro de 1927, reuniu num só bloco os estabelecimentos de ensino superior do estado. Foi nomeado, como primeiro reitor, o professor Francisco Mendes Pimentel. Todas as escolas funcionariam nos seus respectivos prédios, tendo a Universidade como sede provisória o edifício Stecket, à Rua Guajajaras. A federalização ocorreu em 1949, sendo que a criação da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, ocorreu em 1965, como ainda permanece nos dias atuais.
Foram criadas no início do século XX, as seguintes faculdades:
- Faculdade Livre de Direito, implantada em Ouro Preto e transferida para a capital em 10 de dezembro de 1908.
- Faculdade de Medicina, em 5 de março de 1911.
- Faculdade Livre de Odontologia e Farmácia, criada em 8 de março de 1911.
- Faculdade de Engenharia, em 21 de março de 1911.

Respeitosas saudações.
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