sexta-feira, 28 de março de 2014

O DIÁLOGO INTERNO NAS DECISÕES


Você decide! Decide? Quando vai decidir? Dom Quixote decidia na hora. Hamlet está esperando há quase quinhentos anos
O tempo passa sibilando pelas frestas das janelas como o vento e os tufões. E vai embora, desaparece. Enquanto isso, as pessoas continuam pensando... pensando ou conversando.
E com quem uma pessoa qualquer mais conversa em sua vida? – Consigo mesma. É um bate-papo silencioso, infindável, dominador, irresistível.
Assim, surge o “diálogo interno” que estimula ou inibe ações. São aquelas “vozinhas” silenciosas e sorrateiras que enredam o pensamento de qualquer um. E arrastam tudo para o tempo perdido. 
- Vou comprar uma bicicleta hoje! – Muito bom! Preciso mesmo fazer exercícios físicos. Gosto de dar um passeio pelas praças. Gosto de sentir o vento passando pelo meu rosto. Mas...mas... pode ser perigoso com esse trânsito complicado. Um acidente? Quebrar uma perna? Hospital? Ficar numa cadeira de rodas a vida inteira? Onde vou poder rodar com essa bicicleta, com segurança? Meu dinheiro, neste mês, vai dar? Nem sei. Nem sei. Vou comprar? Não vou comprar? Eis a questão.
Eis a dúvida que chega avassaladora! E, internamente, domina o raciocínio e as emoções. Questionamentos surgem, com vantagens e desvantagens. É importante questionar. Tudo muito justo e necessário, mas há um limite.
E por aí vai esse monólogo interno, que mais parece um diálogo. Compra não compra? Triste sorte, triste sina dar ouvidos a essas “vozinhas”, isto é, ao diálogo interno.
Quem vencerá? Ninguém! Todos serão, em princípio, perdedores, se não houver uma voz forte, tonitruante, ousada, peremptória, capaz de tomar uma decisão e acabar com essa falação perturbadora. Cessa tudo! Já está decido! Vou comprar  uma bicicleta!      
De outra forma, no dia seguinte, ressurge a questão da bicicleta. E por aí vai. Pensando, conversando, dialogando. Até quando?
Há pessoas, que decidem tudo muito rapidamente. Até com precipitação. Elas possuem um diálogo interno pequeno, fraco mas, sobretudo, rápido.
Há pessoas, por outra vertente, que pensam muito, pensam demais, porque têm como característica um diálogo interno forte, dominador mas, sobretudo, lento.
Na literatura, há constatações de procedimentos de pessoas assim divergentes.
Imagine-se Dom Quixote: numa ocasião, ele ouve um grande barulho, tumulto, bater de latas. “É inimigo, vou atacar” – conclui, antes de analisar, para obter plena certeza sobre o fato e começa a atirar, a esmo, na direção dessa algazarra. Aí, entra o seu fiel escudeiro, Sancho Pansa, e o adverte: “Calma, Dom Quixote! Isso é uma banda de música que está vindo tocar na festa do seu aniversário!” E, ao final, Dom Quixote lamenta: “Infelizmente, já matei três!”
É isso que dá. Decisão precipitada. Diálogo interno fraco. Pouco pensamento, muita ação. Tudo rápido demais.
De outra forma, Hamlet, personagem de Shakespeare, mantém preservada no seu pensamento, uma grande dúvida. Seu pai,  rei da Dinamarca,  fora assassinado. Ele, jovem filho primogênito, subiria ao trono em substituição, pelas vias normais. Entretanto, seu tio, que estaria envolvido no crime, decidiu casar-se com a rainha viúva, mãe de Hamlet, logo a seguir. Assim, consequentemente, Hamlet perderia a sua vez, pois o seu tio assumiria esse trono. Que decisão ou providência deveria Hamlet tomar, em defesa de seus direitos? Teria que fazer alguma coisa. Teria que abrir um processo contra o tio, mandar aprisioná-lo se preciso fosse, pois tinha poder para isso. De outra forma, jamais seria rei da Dinamarca. Eis então a questão: agir ou não agir? “To be or not to be! There is the question!” E o jovem príncipe tinha diálogo interno forte, dominador. Lento demais. Continuou a luta interna, dialogando consigo mesmo. Há quase quinhentos anos e nada aconteceu de melhor para ele. Continua esperando? Eis a questão. Nunca foi rei da Dinamarca.   
Assim, diante de uma situação qualquer, a pessoa tem 50% de possibilidade de acerto e 50% de erro. Se não tomar nenhuma decisão, terá 100% de erro. Se a pessoa tomar uma decisão, mesmo que não seja acertada, ainda assim, poderá ter condições de retificar.
Quem decide gerencia. Uma pessoa, com características de gerente, tem de decidir. Um bom gerente deve ter raciocínio rápido e visão guestáltica, global. E plena percepção da decisão a tomar. E decidir! E tem que acertar. Para isso ele existe. Dúvidas? Jamais! Sem erro!
Depois disso, assumir o que decidiu. Não adianta mais ficar lastimando pelo resultado. Chorar pra quê? Ninguém gosta de ver um gerente chorar.
E nada de “talvez!”
Conta-se que um vendedor rodou a praça em São Paulo e à tarde, retornando, informou: - consegui dois “sim” e dez “não”. Em BH, de outra feita, rodou também a praça e quando chegou à tarde, exclamou: - consegui 12 “talvez!” Eis a questão.
Assim, o compositor cubano, Osvaldo Farrés, (1902 – 1985) lançou ao mundo o seu bolero inesquecível, “Quizás, Quizás, Quizás!” - (talvez)
-Siempre que te pregunto/ que, quándo, cómo y dónde/ Tú siempre me respondes/ Quizás, quizás, quizás.
Y asy pasan los dias/ Y yo, desesperando/ y tú, tú contestando/ Quizás, quizás, quizás.
Estás perdiendo el tiempo/ pensando, pensando/ Por lo que más tu quieras/?Hasta quando? Hasta quando?
Y asi pasan los dias/ Y yo, desesperando/ Y tu, tu contestando/ Quizás, quizás, quizás.
Complementando esse possível diálogo interno, verificam-se, muitas vezes, opiniões muito divergentes, como se fossem nascidas de uma reunião de grande porte ou de uma assembleia interna. Cumpre juntar todas as propostas surgidas e num contexto quase ecológico de um acordo geral e chegar a uma decisão. A decisão é o alvo. Sem ela, até os grandes negócios vão por água abaixo.

sábado, 1 de março de 2014

LEVAR VANTAGEM EM TUDO

Quem não quer? Quem não quis? Quem deixará de querer?
Não se trata de nenhuma jogada de comentarista de futebol. É um dos pressupostos da Programação Neurolinguística, que pode ser enunciado da seguinte forma:
“Nas escolhas, o ser humano opta, deterministicamente, pelas melhores.”
Muito claro e muito lógico. Uma pessoa qualquer, em qualquer parte do mundo, vai deixar de escolher para si algo que não seja de seu agrado imediato? Para ele devem vir sempre as melhores escolhas.
Regra sem exceção.
Uma pessoa qualquer, que esteja num restaurante tipo “self-service”, vai colocando em seu prato alimentos que sejam de seu gosto e do seu paladar. Além disso, no final, vai pagar por eles. Então, melhor será mesmo que ele escolha tudo que seja de seu interesse imediato. Uma satisfação pessoal. Um prêmio às suas preferências gustativas.
Isto não é verdade? Alguém iria fazer o contrário?
Assim pela vida em continuidade, alguém convidaria à sua casa pessoas de quem não gostasse? Aumentar o seu desconforto?
Nunca.
Diminuir o sofrimento e aumentar o prazer é uma das metas universais. 
Alguém pode lutar contra isso?
Em consequência, depara-se com outro pressuposto, bem correlato:
“Todo comportamento, por mais bizarro e inconsequente que possa parecer, traz para o agente alguma forma de ganho secundário.”
Surge então outro fator intrínseco em todo o desenvolvimento humano: “ganho secundário.” 
Isto mesmo! Ganho secundário!
Sem ganho secundário ninguém levanta uma palha do chão.
Pode parecer estranho.
Completando: ninguém toma atitudes e decisões sem pensar nos resultados, por mais distantes, estranhos e bizarros que possam parecer para os demais. Visa um ganho secundário.
Num caso extremo, de desespero total, quando uma pessoa resolve acabar com a sua própria vida, surge o espectro do ganho secundário, vislumbrando-se como se fosse a melhor situação para ele, naquele momento.
Se não for a melhor opção, ele desistirá.
A melhor decisão. Uma dívida impagável, um casamento desfeito, um noivado rompido. Seu credor nunca receberia essa dívida. Sua ex-esposa iria passar fome. Sua ex-noiva iria chorar por ele.
Fantasias e mais fantasias! Ninguém prende a imaginação humana, que dispara sem rumo, sem destino, sem limites.
Eis a decisão fatal. Para ele, era a melhor opção naquele momento.
A melhor situação. E ganharia com ela. Seu suposto ganho secundário.
Entretanto, em casos mais simples e corriqueiros do desenvolvimento da humanidade, o ganho secundário vive e revive a cada instante. Se, ao cumprimentar uma pessoa com um simples “bom-dia!” e não houver um retorno imediato, no mesmo tom, surge uma decepção, porque era aguardado um ganho secundário, uma resposta. Em outro encontro com essa pessoa, ela não oferecerá mais um cumprimento cordial e afetivo, como o ocorrido na primeira vez.
O “ganho secundário” é uma coisa séria e de grande relevância nos relacionamentos.
Também os ratinhos, na gaiola do pesquisador, colocam a boca num pedal para ganhar uma pequena ração. E repetem. E repetem. Se não vier a ração, eles desistem do esforço e desistem da tentativa.
Como foi dito, os seres podem viver, durante toda uma existência, dentro desses conceitos de plena normalidade de comportamentos.

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