sábado, 12 de outubro de 2013

O MAGO - COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO

DE FERNANDO MORAIS E DE PAULO COELHO

 

Paulo Coelho tornou-se o autor vivo mais traduzido do planeta, pondo a salvo a literatura brasileira, cujos autores não vão além das quatro linhas, apesar dos ministérios, das medalhas, dos fardões e dos chás das cinco. Muita ornamentação, muita esnobação, pouca produção, nenhuma repercussão.

 

O MAGO – MORAIS, Fernando. Editora Planeta do Brasil: São Paulo, 2008 – Além de editado no Brasil, está sendo publicado em 30 países. São 630 páginas, 30 capítulos, 101 entrevistas, com guia onomástico de 846 referências pessoais. 
Não é a primeira vez que Fernando Morais enfrenta uma pedreira dessa natureza. Esse livro foi iniciado em fevereiro de 2005 e concluído em fevereiro de 2008.

Não é, pois, a primeira vez que Fernando Morais, membro da Academia Marianense de Letras (MG), ocupando a cadeira número 13, antes ocupada por Tancredo Neves, enfrenta uma barreira dessa magnitude, tendo pela frente a figura controvertida do escritor Paulo Coelho. Controvertida mas que, nas duas últimas décadas, tornou-se fenômeno literário da humanidade. Paulo Coelho, místico, misterioso, fabulista, persignado, cheio de mandalas e crenças, rodando pelo mundo afora, ergue sua aura aos deuses e pede proteção. Agora, Paulo Coelho, autor de 22 livros, com vendagem mundial de mais de cem milhões de cópias, com 455 traduções publicadas em 66 idiomas e 160 países, excluídas as edições piratas. Paulo Coelho, o autor vivo mais traduzido do planeta.

Fernando Morais vem contribuindo decisivamente para fundar a biografia como modelo literário no Brasil, tendo já obras traduzidas em 19 países. Esta é a sua oitava investida no campo dos grandes desafios.

Desta vez, Paulo Coelho foi dissecado nos mais recônditos esconderijos de seu íntimo, sem dó nem piedade. Assim, pode-se dizer que um dos grandes méritos da obra seria a honestidade intelectual demonstrada com o biografado. Não escondeu, não inventou eufemismos, não mistificou e não crucificou. Nem o biografado nem o leitor.  Quando se disseca uma biografia, a primeira impressão que ressalta é a de que o biografado vai ser enaltecido até as raias das inverdades. Principalmente quando ele ainda vive. Neste caso, não. Apresentou um trabalho de fôlego, árduo, longo, pesado e de grande responsabilidade, principalmente porque o biografado está vivo e depois de publicada a biografia, pode estar cara a cara com ele.

É, antes de tudo, à primeira vista, um trabalho braçal – apesar de intelectual. O bastidor tinha que trabalhar como uma oficina industrial, com equipe montada para estabelecer contatos, selecionar textos e fotografias, discutir os rumos da obra, contestar, digitar, contabilizar despesas, disponibilizar recursos para viagens e entrevistas, bem como outros procedimentos assemelhados. Para tanto, relacionou em primeiro lugar o seu amigo Wagner Homem, craque da informática. Depois, seus dois irmãos, Ricardo Setti e o outro,  Reinaldo Morais, em disponibilidade de tempo integral.

Resta uma pergunta que fica no ar, mas que vale a pena emitir: Quem é o fenômeno nesta obra? Paulo Coelho ou Fernando Morais? O autor sempre aproveita um pouco da fama ou do prestígio do biografado, contaminando-se em suas glórias e vitorias. Juntos, de agora em diante, estarão constituídos numa dupla Coelho e Morais, enfrentando as falanges dos dragões. Não há barreiras para eles, alcançando horizontes cada vez mais largos. Paulo Coelho continua em ação, rodando o mundo, pesquisando, enveredando-se no misticismo e alardeando mistérios insondáveis. Fernando Morais continua com a oficina aberta, dando vazão a biografias de vultos memoriais e contribuindo para fixar o modelo de biografias como formato literário sempre ao paladar dos leitores.  (Agosto 2008)

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