quarta-feira, 27 de março de 2013

ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE - III


3ª Carta virtual ao DOUTOR JOÃO PINHEIRO DA SILVA (1860 – 1908)


ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE,
Capital do estado de MINAS GERAIS, inaugurada em 12  de dezembro de 1897 - BRASIL


Belo Horizonte, 17 de novembro de 2011

EXCELENTÍSSIMO SENHOR
JOÃO PINHEIRO DA SILVA
  
Hoje, os mudancistas progressistas estiveram pairando sobre o imaginário dos mineiros. Mudar a capital foi um ato de coragem. Mas, nesta vida não há escapatória. Mudar é uma lei do universo. No dia que uma pessoa nasce,  casa-se com a mudança. Pode não ter sido um casamento formal, mas irá passar o resto da vida juntos.
A velha capital do estado de Minas Gerais, Ouro Preto, teve que adaptar-se para não desaparecer. Sofreu o baque da depressão total, reagiu e hoje é transformada em cidade monumento, patrimônio da humanidade. A capital do estado foi transferida para Belo Horizonte. Ouro Preto teve que adaptar-se.
O desenvolvimento, também, causa desequilíbrio. Quem quer que seja que provar do desenvolvimento, sentirá na pele a necessidade de se adaptar às novas emergências.
Assim, em 1830, um cavalo apostou uma corrida com a locomotiva e perdeu. Pela primeira vez no mundo, um ser humano viajava mais rápido que um cavalo e, em 1906, Santos-Dumont levantou um aparelho mais pesado que o ar, transportando uma pessoa. Hoje, um avião a jato transporta centenas de passageiros confortavelmente, a preços disponíveis para todas as classes sociais e econômicas.
Doutor João Pinheiro, veja a diferença de tecnologia entre o rei Salomão e Dom Pedro I. Estiveram separados por mais de 3.000 anos, mas ambos viveram em condições semelhantes. Nenhum teve o sistema de água encanada, aquecimento ou refrigeração e iluminação. Dominavam pelo poder escravo. E o sistema de transporte e comunicação? Tudo feito pelo cavalo. Até as guerras. Muito pouca coisa aconteceu entre a vida de um e do outro. Pois bem, veja as transformações que ocorreram no mundo, nestes últimos 141 anos? Não ficou pedra sobre pedra.
Para finalizar, veja que, se uma pessoa disser, hoje, que está fazendo uma determinada coisa da mesma maneira que costumava fazer, ele estará, provavelmente, fazendo-a por um método ultrapassado. Alguém estará fazendo melhor. Veja, pois, no alto desses anos de 2011, os mudancistas da nova capital tinham razão. Imagine se estivéssemos subindo e descendo as velhas ladeiras de Ouro Preto, ainda hoje. Imagine, agora, o senhor, no alto do século 21, se a capital do Brasil ainda rondasse praias e favelas. Mudança é uma constante ameaça. Se alguém deseja permanecer no seu negócio por alguns anos a mais, é melhor que esteja disposto a fazer mudanças propositalmente.
Peço me desculpar por essas divagações. Achei-as oportunas porque o senhor derrubou princípios e crenças, inovou, criou, estimulou. Devemos nós, eu sei e sabemos todos, que sua compulsão pela educação deu frutos e hoje, apesar de o estado de Minas Gerais contar apenas 300 anos, consegue, em muitas frentes de trabalho e de conhecimento, superar ou acompanhar outros estados com 500 anos de vida civilizada.
Esta divagação tornou-se importante para reconhecer a capacidade de decisão dos nossos governantes mineiros do final do século XIX. Assim justifico.
Sabemos que a sua intenção era o desenvolvimento da educação como meta, fator primordial.
Quero ressaltar um fato para seu agrado imediato. Todos os governadores/presidentes que o sucederam tinham por meta a educação, mas no ano de 1926, tomou posse o presidente-governador, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (1870 – 1946), também obstinado pela educação. Não media esforços na continuidade do seu aperfeiçoamento, pois o estado já contava com centenas de grupos escolares. Entretanto, era notado um desconcerto na programação escolar e era urgente o aperfeiçoamento dos professores e dinamização dos métodos de ensino. A mudança de métodos exigia, pois, recursos intelectuais oriundos dos países mais avançados. Por isso, saiu atrás de cérebros na psicopedagogia da Europa. Contratou Léon Walter, psicólogo, por um período de um ano. Vencido o contrato, enviou emissários à Suíça, principalmente ao recente Instituto Jean Jacques Rousseau, em Genebra, onde contratou a psicóloga russa, Helena Antipoff, (1892 – 1974). O contrato de um ano, 1929, que ela firmou com o estado foi reformado sucessivamente e Helena Antipoff aqui permaneceu até a sua morte.  Tal fato merece uma consideração especial, pois, naquela época, Antônio Carlos pressentia a necessidade de modernização dos métodos de ensino. Não mediu esforços e foi em busca das novidades tecnológicas.
Informo que hoje a educação fundamental no estado e mesmo no país está em fase de expectativa por mudanças. Veja bem!  Qual é a base da revolução da China? A educação. A verdadeira salvação da humanidade! Cumpre despertar as autoridades! Como o senhor disse: “Não há democracia sem educação.” E a educação no Brasil está em crise. Pressente-se a necessidade de transformação de métodos de ensino, para o enfrentamento dos desafios da tecnologia  Visão 360 graus. Como acompanhar o avanço surpreendentemente rápido dessa tecnologia em todos os campos do conhecimento? Tudo mudou nestes últimos anos. E o que mudou ontem?  E o que está sendo mudado hoje?
Esperemos um novo João Pinheiro da Silva? Ou esperemos um novo Antônio Carlos Ribeiro de Andrada? Esperemos uma nova Helena Antipoff?
Até quando?     
                        

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