3ª Carta virtual ao DOUTOR JOÃO PINHEIRO DA SILVA (1860 – 1908)
ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE,
Capital do estado de MINAS GERAIS, inaugurada em 12 de dezembro de 1897 - BRASIL
Belo
Horizonte, 17 de novembro de 2011
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR
JOÃO
PINHEIRO DA SILVA
Hoje, os mudancistas progressistas
estiveram pairando sobre o imaginário dos mineiros. Mudar a capital foi um ato
de coragem. Mas, nesta vida não há escapatória. Mudar é uma lei do universo. No
dia que uma pessoa nasce, casa-se com a
mudança. Pode não ter sido um casamento formal, mas irá passar o resto da vida
juntos.
A velha capital do estado de Minas
Gerais, Ouro Preto, teve que adaptar-se para não desaparecer. Sofreu o baque da
depressão total, reagiu e hoje é transformada em cidade monumento, patrimônio
da humanidade. A capital do estado foi transferida para Belo Horizonte. Ouro
Preto teve que adaptar-se.
O desenvolvimento, também, causa
desequilíbrio. Quem quer que seja que provar do desenvolvimento, sentirá na
pele a necessidade de se adaptar às novas emergências.
Assim, em 1830, um cavalo apostou uma
corrida com a locomotiva e perdeu. Pela primeira vez no mundo, um ser humano
viajava mais rápido que um cavalo e, em 1906, Santos-Dumont levantou um
aparelho mais pesado que o ar, transportando uma pessoa. Hoje, um avião a jato transporta
centenas de passageiros confortavelmente, a preços disponíveis para todas as
classes sociais e econômicas.
Doutor João Pinheiro, veja a diferença
de tecnologia entre o rei Salomão e Dom Pedro I. Estiveram separados por mais
de 3.000 anos, mas ambos viveram em condições semelhantes. Nenhum teve o
sistema de água encanada, aquecimento ou refrigeração e iluminação. Dominavam
pelo poder escravo. E o sistema de transporte e comunicação? Tudo feito pelo
cavalo. Até as guerras. Muito pouca coisa aconteceu entre a vida de um e do
outro. Pois bem, veja as transformações que ocorreram no mundo, nestes últimos
141 anos? Não ficou pedra sobre pedra.

Peço me desculpar por essas divagações.
Achei-as oportunas porque o senhor derrubou princípios e crenças, inovou,
criou, estimulou. Devemos nós, eu sei e sabemos todos, que sua compulsão pela
educação deu frutos e hoje, apesar de o estado de Minas Gerais contar apenas
300 anos, consegue, em muitas frentes de trabalho e de conhecimento, superar ou
acompanhar outros estados com 500 anos de vida civilizada.
Esta divagação tornou-se importante para
reconhecer a capacidade de decisão dos nossos governantes mineiros do final do
século XIX. Assim justifico.
Sabemos que a sua intenção era o
desenvolvimento da educação como meta, fator primordial.
Quero ressaltar um fato para seu agrado
imediato. Todos os governadores/presidentes que o sucederam tinham por meta a
educação, mas no ano de 1926, tomou posse o presidente-governador, Antônio
Carlos Ribeiro de Andrada (1870 – 1946), também obstinado pela educação. Não
media esforços na continuidade do seu aperfeiçoamento, pois o estado já contava
com centenas de grupos escolares. Entretanto, era notado um desconcerto na
programação escolar e era urgente o aperfeiçoamento dos professores e
dinamização dos métodos de ensino. A mudança de métodos exigia, pois, recursos
intelectuais oriundos dos países mais avançados. Por isso, saiu atrás de
cérebros na psicopedagogia da Europa. Contratou Léon Walter, psicólogo, por um
período de um ano. Vencido o contrato, enviou emissários à Suíça,
principalmente ao recente Instituto Jean Jacques Rousseau, em Genebra, onde
contratou a psicóloga russa, Helena Antipoff, (1892 – 1974). O contrato de um
ano, 1929, que ela firmou com o estado foi reformado sucessivamente e Helena
Antipoff aqui permaneceu até a sua morte.
Tal fato merece uma consideração especial, pois, naquela época, Antônio
Carlos pressentia a necessidade de modernização dos métodos de ensino. Não
mediu esforços e foi em busca das novidades tecnológicas.
Informo que hoje a educação fundamental
no estado e mesmo no país está em fase de expectativa por mudanças. Veja
bem! Qual é a base da revolução da
China? A educação. A verdadeira salvação da humanidade! Cumpre despertar as
autoridades! Como o senhor disse: “Não há democracia sem educação.” E a
educação no Brasil está em crise. Pressente-se a necessidade de
transformação de métodos de ensino, para o enfrentamento dos desafios da tecnologia Visão 360 graus. Como acompanhar o avanço surpreendentemente
rápido dessa tecnologia em todos os campos do conhecimento? Tudo mudou nestes
últimos anos. E o que mudou ontem? E o
que está sendo mudado hoje?
Esperemos um novo João Pinheiro da
Silva? Ou esperemos um novo Antônio Carlos Ribeiro de Andrada? Esperemos uma
nova Helena Antipoff?
Até quando?
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