1ª Carta virtual ao DOUTOR JOÃO PINHEIRO DA SILVA (1860 – 1908)
ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE,
Capital do estado de MINAS GERAIS, inaugurada em
12 de dezembro de 1897 - BRASIL

1ª.Carta virtual ao DOUTOR JOÃO
PINHEIRO DA SILVA (1860 – 1908)
MUITO DIGNO EX-PRESIDENTE DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Belo Horizonte, 15
de novembro de 2011
Hoje já é dia 15 novembro de 2011.
Estamos comemorando 122 anos de república. Parabéns para o senhor, um
batalhador incansável. Achei por bem enviar-lhe mensagens virtuais por cartas,
colocando-o em sintonia com alguns acontecimentos ocorridos na cidade de Belo
Horizonte, onde o senhor esteve até os últimos dias de sua vida. Sei e sabemos
todos do seu interesse pelo pleno desenvolvimento, pelo crescimento deste
estado que o senhor presidiu.
Desculpe-me importuná-lo.
Desde que o senhor nos deixou, em 25 de
outubro de 1908, ficou o Palácio da Liberdade com o sentimento de perda total.
O povo do estado de Minas Gerais ficou órfão, juntamente com a sua família,
seus 12 filhos. Todos ficaram órfãos, também, da sua ousadia administrativa, da
sua visão do grande futuro do nosso estado e, sobretudo, da sua fraternidade
republicana.
Hoje, resolvi invocar a sua paz, o seu
repouso eterno. Tantas coisas aconteceram na nossa nova cidade-capital, depois
de sua partida e outras tantas vêm acontecendo a cada dia que passa que eu me
lembrei de fazer uma crônica, reportando para o senhor essas novidades.
Sabemos que a sua atuação como gerente,
um grande gerente-governador-presidente, com a sua larga visão, sempre foi
republicano incansável na configuração dos destinos do estado e, em particular,
na confirmação do desenvolvimento da nova capital.
Sabemos das suas dificuldades encontradas
na época como presidente, pois este estado tinha investido todos os seus
recursos na construção da nova capital, na sua construção e na sua instalação.
Também na transferência de todos os funcionários. E esta cidade-capital iria
exigir muito mais em finanças e obstinação, para a concretização de um plano
arrojado e excessivamente ousado para a época. As pessoas têm que entender que
não foi fácil construir esta cidade-capital, Belo Horizonte, num período
estipulado em quatro anos.
E o senhor, como presidente do estado de
Minas Gerais, primeiro presidente do estado eleito pelo povo, em 1906, após o
governo instalar-se no Palácio da Liberdade, substituindo o doutor Crispim
Jacques Bias Fortes, (1847 – 1917) teve como meta fundamental o
desenvolvimento, de maneira ampla. Reconheço hoje com aplausos a sua meta
proposta também para a educação, um dos princípios republicanos, na sua
obstinação quanto à criação dos GRUPOS ESCOLARES, dando a partida para a
oficialização do ensino público.

Mas, hoje, tenho algo a relatar, com a
certeza de que será uma surpresa que irá lhe causar uma grande alegria.
Nesse ano de 1929, seu amigo e
contemporâneo da Escola de Direito de São Paulo, então presidente do estado,
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada (1870 – 1946)
inaugurou um viaduto monumental, na cidade de Belo Horizonte, denominado
VIADUTO DOS VIAJANTES e posteriormente, VIADUTO SANTA TERESA.
Não se trata de um simples viaduto
urbano. Trata-se, como disse antes, de um monumento de arte, adequado aos
interesses da população. Imaginar que esta nova cidade, com apenas 32 anos de
fundação, já construiu, com recursos do estado, uma obra que passa sobre o rio
Arrudas, a Avenida do Contorno e as linhas da estrada de ferro da Central do
Brasil (EFCB), de uma só vez, além de fazer a ligação do centro da cidade a um
dos bairros mais habitados. Pois o espírito republicano, tão defendido pelo
senhor, sobrevive nesta obra. Tem a extensão de 400 metros de comprimento, com
dois arcos laterais de 14 metros de altura. Tudo em cimento armado. Torna-se,
pois, o maior vão de cimento armado da América Latina, para essa época.
Tecnicamente perfeito. Elegante, majestoso, imponente. Além do seu valor
utilitário, representa um marco para a autoestima dos novos moradores da
cidade.
Darei outras notícias, principalmente
sobre o seu projetista, o engenheiro responsável pela construção, em outra
oportunidade. São tantas notícias que nem sei bem por qual ponto devo começar.
Sei, entretanto, que tudo é novidade para o senhor. Apenas, mais uma
informação: esta cidade de Belo Horizonte, neste início de século XXI, cresceu
tanto que entornou, transbordou pela Avenida do Contorno, que foi projetada
para ser o seu limite urbano. Extravasou,
extrapolou, expandiu. Inacreditável, dirá o senhor, não é verdade?
Aqui me despeço, prometendo dar continuidade
a estes relatos amanhã bem cedo, para poder trazer informações complementares
sobre a Cidade de Minas, hoje, Belo Horizonte.
P.S.
Achei melhor dar uma pequena informação
sobre o engenheiro Emílio Baumgart, projetista e construtor do Viaduto Santa
Teresa. Era Emílio Henrique Baumgart, (1889 – 1943), natural de Blumenau (SC),
filho do imigrante alemão Gustav Baumgart e de Mathilde Odebrecht, também filha
de imigrante alemão. Isso mesmo. Pois o engenheiro-projetista, devidamente
graduado, montou no Rio de Janeiro, no ano de 1925, o primeiro escritório de
engenharia, especializado em estruturas de concreto armado do Brasil. E teve
sucesso como inovador e como competente profissional. Pois esse Viaduto Santa
Teresa, projetado e construído por ele,
é obra de arte que vai romper os séculos pela sua beleza e pela sua rigidez
estrutural.

Divaguei demais. O Viaduto Santa Teresa,
hoje com 82 anos, não apresenta nenhum sinal de envelhecimento. Digo isso,
considerando os aspectos tanto estruturais
quanto estéticos. Como é que pode? Nem uma rachadurazinha, uma quebra de
canto, um ponto de desequilíbrio. Mas, indo além, é obra de embelezamento, de
configuração de imagem da nova capital. No ponto culminante, é obra utilitária,
até hoje fundamental para o tráfego da região. Finalmente,
digo para o senhor que as tantas pessoas que trafegam diariamente por esse
viaduto nem pensam no seu construtor, no seu projetista, nem no governador da
época que teve a ousadia de ordenar uma obra desse vulto.
Saudações
respeitosas do seu amigo,
Crédito da foto: Suzana Latini
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