quarta-feira, 13 de março de 2013

ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE I



1ª Carta virtual ao DOUTOR JOÃO PINHEIRO DA SILVA (1860 – 1908)


ASPECTOS DA HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE,
Capital do estado de MINAS GERAIS, inaugurada em 12  de dezembro de 1897 - BRASIL



 “Olhando para vocês, vi um belo horizonte!” - exclamou o papa João Paulo II, (1920 – 2005), no dia 1º. de junho de 1980, na praça Israel Pinheiro, Belo Horizonte, por ocasião da celebração de missa campal para cerca de um milhão de pessoas. A partir desse dia, o povo adotou esse local com o cognome de Praça do Papa, tal a emoção que essa manifestação espontânea e justa emoldurou a autoestima dos belo-horizontinos. Em retribuição imediata, o povo, em coro  improvisado, respondeu:  “Rei! Rei! Rei! – o Papa é nosso Rei!”  E assim, nesse ato memorável, configurou-se um amor à primeira vista.      


1ª.Carta virtual ao DOUTOR JOÃO PINHEIRO DA SILVA (1860 – 1908)

MUITO DIGNO EX-PRESIDENTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

                                     
Belo Horizonte, 15 de novembro de 2011


Hoje já é dia 15 novembro de 2011. Estamos comemorando 122 anos de república. Parabéns para o senhor, um batalhador incansável. Achei por bem enviar-lhe mensagens virtuais por cartas, colocando-o em sintonia com alguns acontecimentos ocorridos na cidade de Belo Horizonte, onde o senhor esteve até os últimos dias de sua vida. Sei e sabemos todos do seu interesse pelo pleno desenvolvimento, pelo crescimento deste estado que o senhor presidiu.      
Desculpe-me importuná-lo.
Desde que o senhor nos deixou, em 25 de outubro de 1908, ficou o Palácio da Liberdade com o sentimento de perda total. O povo do estado de Minas Gerais ficou órfão, juntamente com a sua família, seus 12 filhos. Todos ficaram órfãos, também, da sua ousadia administrativa, da sua visão do grande futuro do nosso estado e, sobretudo, da sua fraternidade republicana.
Hoje, resolvi invocar a sua paz, o seu repouso eterno. Tantas coisas aconteceram na nossa nova cidade-capital, depois de sua partida e outras tantas vêm acontecendo a cada dia que passa que eu me lembrei de fazer uma crônica, reportando para o senhor essas novidades.
Sabemos que a sua atuação como gerente, um grande gerente-governador-presidente, com a sua larga visão, sempre foi republicano incansável na configuração dos destinos do estado e, em particular, na confirmação do  desenvolvimento da nova capital.

Sabemos das suas dificuldades encontradas na época como presidente, pois este estado tinha investido todos os seus recursos na construção da nova capital, na sua construção e na sua instalação. Também na transferência de todos os funcionários. E esta cidade-capital iria exigir muito mais em finanças e obstinação, para a concretização de um plano arrojado e excessivamente ousado para a época. As pessoas têm que entender que não foi fácil construir esta cidade-capital, Belo Horizonte, num período estipulado em quatro anos.
       
E o senhor, como presidente do estado de Minas Gerais, primeiro presidente do estado eleito pelo povo, em 1906, após o governo instalar-se no Palácio da Liberdade, substituindo o doutor Crispim Jacques Bias Fortes, (1847 – 1917) teve como meta fundamental o desenvolvimento, de maneira ampla. Reconheço hoje com aplausos a sua meta proposta também para a educação, um dos princípios republicanos, na sua obstinação quanto à criação dos GRUPOS ESCOLARES, dando a partida para a oficialização do ensino público.
Vou recolher mais informações sobre essa meta dentro do plano educacional, para transmitir informações em outras oportunidades. Saiba que a sua meta vingou mesmo. Os seus Grupos Escolares se espalharam pelo nosso estado. E também as escolas rurais e as colônias agrícolas, pela implantação de novos métodos e técnicas para a agricultura e pecuária. O senhor foi obstinado, radical e entusiasmado. Não podia ser diferente. Seu trabalho foi recompensado e frutificou. 
Mas, hoje, tenho algo a relatar, com a certeza de que será uma surpresa que irá lhe causar uma grande alegria.
Nesse ano de 1929, seu amigo e contemporâneo da Escola de Direito de São Paulo, então presidente do estado, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada (1870 – 1946)  inaugurou um viaduto monumental, na cidade de Belo Horizonte, denominado VIADUTO DOS VIAJANTES e posteriormente, VIADUTO SANTA TERESA.
        
Não se trata de um simples viaduto urbano. Trata-se, como disse antes, de um monumento de arte, adequado aos interesses da população. Imaginar que esta nova cidade, com apenas 32 anos de fundação, já construiu, com recursos do estado, uma obra que passa sobre o rio Arrudas, a Avenida do Contorno e as linhas da estrada de ferro da Central do Brasil (EFCB), de uma só vez, além de fazer a ligação do centro da cidade a um dos bairros mais habitados. Pois o espírito republicano, tão defendido pelo senhor, sobrevive nesta obra. Tem a extensão de 400 metros de comprimento, com dois arcos laterais de 14 metros de altura. Tudo em cimento armado. Torna-se, pois, o maior vão de cimento armado da América Latina, para essa época. Tecnicamente perfeito. Elegante, majestoso, imponente. Além do seu valor utilitário, representa um marco para a autoestima dos novos moradores da cidade.
Darei outras notícias, principalmente sobre o seu projetista, o engenheiro responsável pela construção, em outra oportunidade. São tantas notícias que nem sei bem por qual ponto devo começar. Sei, entretanto, que tudo é novidade para o senhor. Apenas, mais uma informação: esta cidade de Belo Horizonte, neste início de século XXI, cresceu tanto que entornou, transbordou pela Avenida do Contorno, que foi projetada para ser o seu limite urbano. Extravasou,  extrapolou, expandiu. Inacreditável, dirá o senhor, não é verdade?
Aqui me despeço, prometendo dar continuidade a estes relatos amanhã bem cedo, para poder trazer informações complementares sobre a Cidade de Minas, hoje, Belo Horizonte.

P.S.

Achei melhor dar uma pequena informação sobre o engenheiro Emílio Baumgart, projetista e construtor do Viaduto Santa Teresa. Era Emílio Henrique Baumgart, (1889 – 1943), natural de Blumenau (SC), filho do imigrante alemão Gustav Baumgart e de Mathilde Odebrecht, também filha de imigrante alemão. Isso mesmo. Pois o engenheiro-projetista, devidamente graduado, montou no Rio de Janeiro, no ano de 1925, o primeiro escritório de engenharia, especializado em estruturas de concreto armado do Brasil. E teve sucesso como inovador e como competente profissional. Pois esse Viaduto Santa Teresa,  projetado e construído por ele, é obra de arte que vai romper os séculos pela sua beleza e pela sua rigidez estrutural.
Estive fazendo um passeio por ele, à tardinha, olhando lá de cima a praça da estação, a Serraria Souza Pinto, a Avenida dos Andradas, o Parque Municipal, a Avenida Assis Chateaubriand e me perdi no tempo e nas lembranças mais profundas do meu ser. Lembrei-me que nele se fazia o footing nas belas tardes fagueiras. As moças desciam do bairro da Floresta e de Santa Teresa para um passeio, um desfile de ida e volta, ao longo do viaduto, vendo os rapazes que se punham a admirar cada uma delas. O sol ia se pondo, as luzes elétricas se acendiam e a modernidade chegava num estalar de dedos. Tempos gloriosos vividos nessa jovem cidade, inaugurada em 12 de dezembro de 1897, bela e realmente moderna. Penso até que o seu projetista Aarão Reis (1853 – 1936)  teve algum mérito ao decidir a demolição, sem dó nem piedade, dos casebres de Curral del-Rei, para surgir das cinzas uma cidade realmente nova.
Divaguei demais. O Viaduto Santa Teresa, hoje com 82 anos, não apresenta nenhum sinal de envelhecimento. Digo isso, considerando os aspectos tanto estruturais  quanto estéticos. Como é que pode? Nem uma rachadurazinha, uma quebra de canto, um ponto de desequilíbrio. Mas, indo além, é obra de embelezamento, de configuração de imagem da nova capital. No ponto culminante, é obra utilitária, até hoje fundamental para o tráfego da região.       Finalmente, digo para o senhor que as tantas pessoas que trafegam diariamente por esse viaduto nem pensam no seu construtor, no seu projetista, nem no governador da época que teve a ousadia de ordenar uma obra desse vulto.

Saudações respeitosas do seu amigo,


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