segunda-feira, 18 de novembro de 2019

AS IGREJAS CATÓLICAS

Belo Horizonte, a Capital IV 

Os templos da religião católica, erigidos na Cidade de Minas, em estilos diversificados foram inaugurados na década de 20. Foi a década do renascimento da fé católica na Capital, mesmo sem os cuidados arquitetônicos da CCNC. (Comissão de Construção da Nova Capital) .


A nova Capital, Belo Horizonte, manteve a sua tradição de religiosidade, trazida de Ouro Preto. Nessa antiga capital foram erigidos vários templos da religião católica, em estilo barroco em todo o seu esplendor. Na antiga vila de Curral del-Rei existiam templos religiosos de construção precária e não condizentes com a nobreza arquitetônica imposta pela CCNC (Comissão de Construção da Nova Capital). Foi tomada a decisão condenatória: demolir todos os templos existentes. Isso foi feito de modo adequado, mas algumas vezes sofrendo reação popular.

Igreja da Boa viagem 
Antiga Matriz da Boa Viagem do Arraial do Curral del Rey - Largo da Matriz em 1894. Fonte: APCBH Acervo CCNC

A matriz da Boa Viagem, ou melhor, Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem de Curral del-Rei, foi construída pela população, por etapas, mas com muita devoção e carinho. Era antes uma capela de taipa, de capim, tosca. Com o tempo, foi passando por reformas improvisadas, sem um plano disponível, mas obedecendo às necessidades imediatas de adaptações constantes.  Tornou-se um templo de maiores dimensões, frequentemente utilizado para atos religiosos, satisfazendo às demandas da população que crescia e se envolvia em atividades do comércio e da agropecuária. 
Isso mesmo! A antiga capela de Nossa Senhora da Boa Viagem trazia consigo uma história bem fundamentada de um piloto da nau de Dom João V (1689 – 1750) que naufragou nas cercanias da ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, em 1709. Era o piloto da nau o senhor Francisco Homem del-Rei, que conseguiu retirar o nicho com uma imagem de Nossa Senhora da Boa Morte e guardou-a, trazendo-a sempre consigo. 
Mais tarde, chegando ao povoado de Curral del-Rei, iniciou a construção de uma capela para abrigá-la, tendo essa imagem como guia e padroeira. Tanto tempo passou, tendo a decisão de tornar essa capela em confortável templo de orações. Trabalho continuado e persistente. Assim, a matriz teve a provável conclusão, apontada para os anos de 1775/1776. Já não era uma simples capela, mas a matriz da freguesia de Curral del-Rei. Teve pois a sua missão de abrigar as almas religiosas por mais de um século. 
Agora, chegou a Comissão Construtora da Nova Capital com o objetivo definido quanto à estrutura arquitetônica da Cidade de Minas que não admitia a permanência de edificações em estilo colonial nem barroco. Assim, a matriz foi condenada à demolição, juntamente com todas as outras edificações religiosas existentes. De onde partiu essa decisão? Na primeira tentativa de demolição, as demais edificações religiosas católicas tombaram e a matriz da Nossa Senhora da Boa Viagem permaneceu por mais alguns anos, mediante a intervenção popular e a diocese de Mariana. 
Mesmo assim, estava condenada e a sua parte frontal foi demolida em 1911. Para substituí-la, foi iniciada a construção de uma catedral, estilo neogótico, em 1912. Ainda inacabada, em 1923, ela foi inaugurada, disponibilizando-se para atos religiosos, substituindo a velha matriz. 
Era pensamento firmado da Comissão Construtora da Nova Capital não deixar vestígios de Curral del-Rei, numa obstinação compulsiva contra o estilo colonial barroco. De quem partiu essa decisão? Com isso, nada ficou desse povoado, iniciado por João Leite da Silva Ortiz. Restou apenas a fazenda do Leitão, ou fazenda do Cercado. Cruel reminiscência, ou esquecimento, para as decisões da CCNC. Poderiam ainda não se perdoar por esse esquecimento, por esse lapso, deixando de pé essa gloriosa edificação memorial. Hoje tornou-se o monumental Museu Histórico Abílio Barreto, com centenas de documentos que confirmam o passado do velho povoado. Esta fazenda do Cercado, hoje museu, é uma edificação que fala por si mesma, assombrando as demais edificações em estilo moderno que a rodeiam. Pressente-se que o espaço interno desse museu deva ficar livre e desimpedido para permitir a passagem dos visitantes no roteiro interno das edificações coloniais. O varandão, as salas, os corredores devem estar livres de outros objetos que não pertençam à época. O museu fala por si. 
Outros templos erigidos na Cidade de Minas, em estilos diversificados foram inaugurados na década de 20. Foi a década do renascimento da fé católica na Capital, mesmo sem os cuidados arquitetônicos da CCNC. 

Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, em estilo neogótico, foi inaugurada em 1923. 

Igreja São José, iniciada em 1902, foi inaugurada em 1913, estilo neomanoelino, padres redentoristas holandeses. 

Basílica de Lourdes, inaugurada em 1923, mesmo inacabada. 

Igreja de São Sebastião, inaugurada em 1923. 

Igreja Nossa Senhora das Dores, bairro da Floresta, inaugurada em 1927. 

Igreja de Santa Teresa e Santa Teresinha, no bairro de Santa Teresa, foi inaugurada em 1930.

Igreja de são Francisco das Chagas, no bairro Carlos Prates, foi inaugurada em 1936.

Igreja de Santa Efigênia dos Militares foi inaugurada em 1923. 

Igreja de Santo Antônio, inaugurada em 1936. 

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na av. Carandaí, 1010, foi inaugurada em 1925. 

Foram mantidos os critérios firmemente impostos, tanto que os templos religiosos surgidos mantiveram-se longe do estilo barroco. Os templos religiosos católicos de Belo Horizonte acompanharam os ideais republicanos da época.

2 comentários:

  1. não sabia que bh tinha monumentos religiosos tão bonitos.

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  2. A igreja de Lourdes é linda uma obra de arte. Por dentro e por fora a gente acha que está na Europa. pela beleza da construção

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