quarta-feira, 29 de junho de 2016

DOUTOR EMMANUEL DIAS



HOMENAGEM, RESPEITO E GRATIDÃO
          
Realiza estudos sobre a cardiopatia chagásica crônica e aguda, marco histórico do conhecimento e divulgação dessa patologia. Combate aos “barbeiros”, triatomíneos, foi a sua bandeira. Diretor do Centro de Estudo e Profilaxia da Moléstia de Chagas, da FIOCRUZ - em Bambuí, MG, a partir de 1943, no combate incessante ao vetor do Triatoma Infestans, o inseto Barbeiro, hospedeiro dos casebres rurais, principal transmissor da doença de Chagas. 



Filho do médico e pesquisador doutor Ezequiel Dias, nascido em 1908, dedicou sua vida à pesquisa científica, principalmente sobre o vetor da DOENÇA DE CHAGAS, em colaboração a Carlos Chagas, seu padrinho de batismo e a Oswaldo Cruz. Toda a sua vida foi centrada na pesquisa do vetor, Triatoma Infestans, hospedeiro transmissor, o inseto “barbeiro”, por suas fezes e não pela picada desse inseto,  causador da Doença de Chagas, Tripanossomíase, identificada pelo doutor Carlos Chagas, em 1908.
O pai era vinculado à Fundação Oswaldo Cruz, e ele, Emmanuel, integrou-se aos temas pesquisados pelo pai, graduou-se em medicina e dedicou-se ao estudo e à pesquisa científica, até a sua morte, em 1962, num acidente automobilístico.
Após defesa de tese para graduar-se em Medicina, por concurso, foi admitido como biologista do Instituto de Manguinhos (RJ), único vínculo empregatício de sua vida. Em 1933, casa-se com Nícia de Magalhães Pinto, de família mineira, tendo os filhos, Emmanuel, Eduardo, João Carlos, Ezequiel e Aloísio.  Neste mesmo ano, foi designado pelo diretor do Instituto Oswaldo Cruz, doutor Henrique de Beaurepaire Aragão, a liderar o Centro de Estudo e Profilaxia da Moléstia de Chagas, CEPMC,  sediado na cidade mineira de Bambuí. Foi descoberto um grande surto da doença nessa cidade. Nesse trabalho, faz o mapeamento da região infectada, identificando as regiões de maior incidência da doença, as residências rurais. Desenvolve o estudo da área clínica, da epidemia e controle do vetor, o estudo e tratamento de casos crônicos e agudos.
Ao lado de outros médicos pesquisadores, realiza estudos da cardiopatia chagásica crônica, que se tornou o marco histórico do conhecimento e divulgação dessa patologia. ED dá auxílio a pesquisadores e faz alianças com toda América Latina, em congressos, encontros internacionais. Formou equipe de trabalho, com pessoal  também da cidade, realizou treinamento e fez o trabalho de campo, casa a casa.
No meio rural, as casas de pau a pique, com frestas nas paredes, eram o local preferido pelos barbeiros para se esconder dos predadores naturais, as aves. Essas aves não se contaminavam pelos insetos. Entretanto, os demais animais eram, como os humanos, vítimas deles e tornavam-se transmissores indiretos.
Especialmente numa das residências rurais, foram encontrados 10 mil insetos Tripanossoma Infestans, os mais perigosos. Uma das metas do CEPMC, em Bambuí, foi a proposta de caça aos insetos causadores da moléstia. Essas ações deram início à possibilidade de o Brasil conquistar o certificado de interrupção da transmissão pelo Tripanossoma Infestans, em 2006.
O combate aos triatomíneos foi uma das bandeiras, buscando colaboração de químicos, físicos, arquitetos, educadores, militares, políticos. A descoberta de um inseticida eficaz no combate ao “barbeiro” foi fundamental para eliminação da transferência da moléstia, pelo principal vetor.
Doutor Emmanuel Dias deixou 154 artigos publicados para continuidade de sua bandeira. Faleceu em 1962, aos 54 anos de idade. Em Bambuí, o seu trabalho tem continuidade e, em sua homenagem, passou a chamar POSTO AVANÇADO DE PESQUISAS EMMANUEL DIAS.
O pai, Ezequiel Dias, foi o seu incentivador, juntamente com seu padrinho Carlos Chagas. Entretanto, seu filho, o médico, DOUTOR JOÃO CARLOS PINTO DIAS, seguiu os passos do pai e do avô, tornando-se hoje, o maior pesquisador da Doença de Chagas de todos os tempos, como médico, vinculado ao Centro de Pesquisas René Rachou – FIOCRUZ – em Belo Horizonte.

Embora a transmissão da moléstia de Chagas pelo vetor barbeiro  e pela transfusão de sangue, esteja eliminada no Brasil, há ainda casos verificados nos estados do Amazonas e Pará. Atribui-se ao consumo de frutas tropicais contaminadas. São novos focos de transmissão por vira oral. Em Santa Catarina verificaram-se casos de contaminação de turistas por ingestão de caldo de cana de açúcar. Além desses, houve outros casos no norte do país. Em 1960, registra-se o caso em que alunos e professores de um curso de Agronomia adquiriam a doença por ingestão de alimentos contaminados, por descuido na sua conservação, com urina de roedores contaminados, possivelmente.
Há também possibilidade de transmissão vertical via placenta (mãe para filho).
A transmissão por via oral nunca foi investigada com profundidade     

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