Deve-se
respeitar o entrevistado, pois ele é, para o entrevistador, a pessoa mais
importante do mundo, naquele momento.
Entrevista é, antes
de tudo, uma conversa profissional.
Ela pode ser
realizada entre duas pessoas, entrevistador e entrevistado. Pode, também, ser
uma entrevista coletiva. Mesmo assim, pressupõe-se um objetivo definido. Por que
ou para que a entrevista está sendo realizada? Os motivos da entrevista são
definidos entre as partes, antes de ela ser iniciada. Sem isso, sem essa
combinação preliminar, terá resultados prejudicados, por assim dizer. Numa reunião bem-sucedida,
entrevistador e entrevistado estão entrelaçados por uma linha invisível que os
prende durante todo o tempo da entrevista. Trata-se de um transe hipnótico
leve. Tanto um como o outro ficam inteiramente concentrados nas perguntas e nas
respostas.
Outro fator
importante que deve ocorrer para uma entrevista bem-sucedida, é a atitude do
entrevistador. Ele é responsável pelo “rapport”, para evitar um possível aviltamento
da sensibilidade do entrevistado. Esse “rapport” – palavra de origem francesa
que significa uma conversa inicial, informal - antecede a qualquer
relacionamento interpessoal. Pode parecer uma conversa inútil. Sim. Pode
parecer uma conversa inútil, mas sem ela não configuram a confiança e
disponibilidade do entrevistado. Rapport é fundamental na vida, em qualquer
situação. Numa entrevista, principalmente. Não é chegar e ir logo ao assunto,
sem saber quem é quem. Esse rapport não pode ser longo demais, porque, nesse
caso, passa a ser uma conversa infindável e perde-se o objetivo do trabalho, já
que a entrevista tem uma finalidade profissional e um objetivo predeterminado.
Assim, inicia-se o transe hipnótico. Acomodam-se as partes, acertam-se os tons
de voz, esclarecem-se os objetivos e, talvez, até a duração da entrevista. Iniciada a
entrevista propriamente dita, há algumas recomendações para o entrevistador que
podem ser ressaltadas. Para o entrevistado não existem maneiras a serem recomendadas,
porque ele deve ser espontâneo e será analisado em todas as suas atitudes.
Claro que ele deve seguir alguns princípios para obter o sucesso que ele
pretende alcançar. Entretanto, nesta oportunidade, o assunto se prende às
maneiras adequadas que o entrevistador deve assumir, para obter uma entrevista
bem-sucedida.
Algumas
recomendações:
RAPPORT – como já foi
explicitado, o entrevistador é responsável pelo comando do rapport, conversa
inicial, preparatória, mas fora do contexto da entrevista.
TRANSE
HIPNÓTICO
– Muitos pensam que o entrevistado é que deve incorporar um transe hipnótico
leve. Entretanto, o entrevistador deve estar, também, em transe hipnótico
completo, estar ligado profundamente ao entrevistado, sem perder qualquer
palavra ou gesto desse entrevistado. Deve ficar em plena prontidão.
AS
PERGUNTAS
– O entrevistador comanda a entrevista e tem as perguntas chaves a serem
colocadas para o entrevistado. Deve, portanto, manter um tom de voz adequado ou
calibrado com o entrevistado. Seguir o tom de voz do entrevistado. Copiar dele.
Manter a mesma posição física que o entrevistado. Procurar espelhar, isto é,
procurar fazer os mesmos gestos que ele fizer. Claro que deve fazer perguntas
curtas, com palavras que o entrevistado possa entender. O entrevistador já
captou o nível social e cultural do entrevistado, durante o rapport. Rapport
não é uma ação inútil. Assim, perguntas longas podem ocasionar respostas
curtas. Melhor seria se fossem perguntas curtas e para respostas longas.
REAÇÃO
DO ENTREVISTADOR
– O entrevistador deve estar consciente de que poderá ouvir qualquer tipo de
resposta, desde as mais incoerentes e inadequadas, sem se assustar ou
manifestar abertamente sua admiração. Acompanhar espelhando o entrevistado. As
expressões faciais acompanham o desenrolar da entrevista, sem manifestação
exagerada de aprovação ou recriminação. Agora, o entrevistador pode ter um momento
de querer contradizer o entrevistado. Nada disso. Não é permitida a opinião do
entrevistador. Ele não deve se intrometer na opinião do entrevistado, por mais
diferente que seja a resposta da sua opinião. O entrevistador não é dono da
verdade, nem tão pouco, precisa demonstrar sua sabedoria e seus conhecimentos.
Isso ocorre com frequência. Técnica falha. Mesmo seguindo a lógica: se está
perguntando é porque quer saber a opinião ou parecer do outro. Não discutir
nada. Não responder pelo entrevistado. Isso é irritante para o entrevistado.
QUEBRA
DO TRANSE HIPNÓTICO
– Como foi dito, o entrevistador está em transe hipnótico e procura manter sua
posição junto ao entrevistado, que também incorpora esse transe. Entretanto, se
o entrevistador se descuidar, por um motivo pessoal qualquer ou, simplesmente,
olhar pelo seu relógio de pulso, o entrevistado decodifica e escapa do transe.
Quebra o transe. O entrevistador é o comandante da entrevista e, ao final,
comunica que a entrevista está no final. Agradece. Isso é fundamental.
Entretanto a quebra do transe, no auge da entrevista é considerada uma falha
técnica. Ah! O telefone celular. Claro que uma chamada do telefone celular nem
é uma quebra de transe, mas uma ruptura agressiva e decepcionante para o
entrevistado. Imperdoável e falta de consideração.
PERGUNTAS
COM RESPOSTAS
– Há perguntas que possuem respostas implícitas. No caso, não é mais um questionamento
e sim a busca de uma concordância. É uma pergunta mal-formulada, baseada na
vontade do entrevistador para aceitação de suas concepções. Em princípio, numa
entrevista bem-sucedida, o entrevistador não deve demonstrar a sua sabedoria,
não deve ter nenhuma ideia fixa sobre o assunto e deve manter-se neutro. Casos
há em que o entrevistado rebate a pergunta e, assim, passa a entrevistado do
entrevistador. Reversão de procedimentos. Isso ocorre e é um caso de se pensar
mais profundamente. O entrevistado envolve o entrevistador. Exemplificação: o
médico, Hely Bonini, foi preso no período da ditadura e foi ouvido por um
delegado. Pergunta vai, resposta vem. Até que o médico passou a discorrer com
relação a um fato da medicina e o delegado distorceu o assunto e quis saber
mais. Com pouco tempo, o médico estava perguntando ao entrevistador o que ele
estava sentindo e acabou passando a entrevistador, dando uma consulta médica e uma
receita para o entrevistador. Eis o fato. Reversão de procedimentos. O
entrevistador é o comandante da entrevista. Não pode perder esse comando.
PERGUNTAS
REPETIDAS
– Outra vez? – pensa o entrevistado. Além disso, ele tira a conclusão de que
está pregando no deserto e suas palavras estão sendo perdidas. Não está sendo
ouvido com atenção. Além disso, pode haver perguntas indiretamente já
respondidas. “Moro em Santo Antônio do Rio Abaixo”. Sim... Depois, passado
algum tempo, o entrevistador pode perguntar: “Há quanto tempo você reside em
Belo Horizonte?” – Demonstrou que o roteiro das perguntas está furado. E seguir
um roteiro?
SEGUIR
UM ROTEIRO
– Quase sempre deve haver um roteiro discreto. Se for um roteiro por escrito,
pior. Uma entrevista é única e corre livremente como um regato no seu leito
natural, apesar de a entrevista ser sempre comandada. Finalmente, pergunta mal-
formulada gera resposta mal-respondida.
ANOTAÇÕES
DURANTE A ENTREVISTA
– Nas entrevistas de caráter psicológico ou médico são aceitáveis as anotações.
Nas demais, torna-se motivo de desconfiança por parte do entrevistado. Também é
motivo de quebra do transe.
ENTREVISTA
DE COMPRA E VENDA – Para a
realização de uma transação comercial, verifica-se também um transe hipnótico.
Muitas vezes, esse transe pode permanecer por maior tempo, até dias, enquanto
se procura uma decisão final. Interessante é que a linha invisível que envolve
as partes, esse transe, continua em pleno vigor. O rapport está preservado e
pode ser reavivado muito rapidamente. Trata-se da continuação de uma entrevista
e que se estende por mais tempo, até a sua conclusão ou fechamento.
OBSERVAÇÃO: Centenas de
pessoas reclamam que foram mal-atendidas por recepcionistas incompetentes, por
profissionais apressados ou atendentes mal-preparados. Os entrevistados,
clientes, são, muitas vezes, invisíveis diante deles. Muitas empresas não
percebem que o atendente e o recepcionista abrem ou fecham as portas da
organização.
Uma entrevista
bem-sucedida faz amigos e confidentes.
seus posts sobre semiótica muito me auxiliaram no trabalho de neurolinguística. compreendi os conceitos de forma mais fácil e simples. Parabéns
ResponderExcluirSou estudante de Comunicação, seu trabalho me ajudou bastante, passei para vários colegas os links. Muito obrigado, agora entendi bem o assunto. Agora da pra terminar minhas análises.
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