segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

NEPOTISMO GRAMATICAL


“Você sem ti” “Tu sem você!” Se “você” vier, não venha acompanhado. Se “tu” vieres, venhas sozinho! Se vierdes juntos, eu não deixo entrar. Não quero confusão na minha casa.     
                                                                            
Esta recomendação já foi lançada aos quatro ventos no meu discurso universal e, no meu canto sublimado, sempre exijo nepotismo gramatical. Cada qual fica com a sua família, protege-a, faz as suas concordâncias, acerta as suas quantidades. Assim também, define as suas variações de sexo. Eu disse variações? Melhor diria, indicações de gênero. Não se trata de crime de racismo nem de preconceito. Trata-se de organização étnica, de princípios. Nada contra “você.” Nada contra “tu”. Cada um deve viver dentro do seu território e deve impor ordem na sua descendência, na sua família, na sua estirpe, na sua raça. Evitam-se misturas degradantes, inconsequentes, condenáveis.  Abomino a salada pronominal! Sempre me propugnei também por manter a eufonia para as declarações verbais, além do ritmo e da cadência militar para os versos.
Além disso, para enfatizar as minhas recomendações, os verbos devem ser desdobrados para o acompanhamento integral ao sujeito, qualquer que seja ele. Não me preocupo em levantar as qualificações morais do sujeito. Os verbos devem ser submissos a ele e flexionar como esse sujeito ordenar, O sujeito é um comandante autoritário, ditatorial, irreverente. Os verbos são seus escravos e dançam no ritmo da música que ele tocar.
Portanto, minha recomendação final é esta: se “tu” vieres, tragas a tua família para ocupares todos os postos vagos e dominares o texto na sua totalidade. Nepotismo total e irrestrito.
Mas, se “você” resolver aparecer, venha bem acompanhado de seus familiares, seus tios, avós, netos e, sobretudo, dos seus sobrinhos em quantidade. Se “você” for divorciado, traga também a ex-esposa. Enteados? Nada contra. Nepotismo vale tudo!
Assim, cada um puxa a brasa pra sua sardinha! Certo?      

2 comentários:

  1. Amado irmão e melhor amigo Rogério,como sempre, mais um texto de uma pertinência absoluta, clareza indiscutível e didática irretocável. E eu, também como sempre, concordo em gênero número e grau. Parabéns. AVANTI!!!

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