Pra que servem? Pra nada, como toda poesia. Mãos cheias de pedras. Provocando, agredindo, cutucando. A briga é continuada. Estilingue, catapulta, espada. Tiro de festim... nada mais.
PALAVRA DE REI
A palavra de rei não volta atrás
Diz o velho monarca ameaçado
Assim nesse transe desesperado
Tantas luzes para o seu povo faz.
Mudar de ideia é de mente brilhante
Conservar modelos fora de moda?
Manter paradigmas incomoda
Mudar e mudar tudo a todo instante.
Pedra sobre pedra não ficará
Se no mundo até as palavras fenecem
E o que passou nunca mais tornará.
Novas luas toda noite aparecem
E na terra nova luz brilhará
Se até os próprios reis desaparecem.
TRABALHO ESCRAVO
Trabalho escravo com nova senzala
Perdas constantes de quem não tem nada
Perder mais o quê? No fim da jornada
Quando o rico ri e o escravo cala.
O pobre nasce escravo sem saber
E cada sol lhe mostra o seu destino
E antes de a noite chegar vai sozinho
Para a dança do açoite se vender.
Um montão de leis no seu dorso cai
Para pagar os pecados do mundo
Dele o suor de Adão e Eva sai.
A rude mão calejada vai fundo
E nas suas correntes se distrai
Num suspiro, Castro Alves, profundo.
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