Poesia está em alta, local de onde nunca saiu. Nasceu no meio da nobreza, dos
salões dos reis, nos altares religiosos, nos cantos populares e, por que não
dizer, andou solene nas guerras, nos campos de batalha, nas epopeias.
Nasceu antes da escrita,
em cantos apenas memorizados . Gathas Avestas de Zoroastro, Gilgamesh, terceiro
milênio a.C – hinos litúrgicos e salmos Suméria(Mesopotâmia/Iraque), os Vedas –
hinos e preces do Hinduismo, - culto à vaca leiteira -Mabharata –
principal épico da civilização indiana
(saqueadores), Baghavad Gita – canção do divino mestre... até Homero com a Ilíada
e Odisséia, os trágicos gregos Sófocles, Eurípedes ou Aristófanes para desaguar
em Bob Dylan na Academia da Suécia,
recebendo o prêmio Nobel de Literatura em 2017. Pura poesia!!! Eis uma de suas
estrofes de Soprando ao vento:
“Quantas estradas um homem deve percorrer/para
poder ser chamado de homem?/Quantos oceanos uma pomba branca deve navegar/Pra
poder dormir na areia?/Sim e quantas vezes as balas de canhão devem voar/Antes
de serem banidas pra sempre?/A resposta, meu amigo, está soprando no vento/A
resposta está soprando no vento.”
Tantos poetas
brasileiros!!! Numa visão de relampejo, encontra-se:
CASTRO
ALVES
No Brasil, em 1868, Castro Alves (1847 –
1871) se reveste de África negra e lança o seu grito ao Deus clemente. Uma
bandeira escravagista, 20 antes da abolição da escravatura, que ele não chegou
a presenciar. Um poema ousado, em pleno desafio aos poderes superiores, aos
astros e às tempestades. Um longo poema!
Vozes da África:
“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? /Em que mundo, em
qu'estrela tu t'escondes/ Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu
grito,/ Que embalde desde então corre o infinito... /Onde estás, Senhor Deus/”
...
A África prossegue
gritando em desespero:
“Mas eu,
Senhor!... Eu triste abandonada/ Em meio das areias esgarrada,/ Perdida marcho
em vão! /Se choro... bebe o pranto a areia ardente; /talvez... p'ra que meu
pranto, ó Deus clemente! /Não descubras no chão...”
Na desesperança, ela, a
África negra, desabafa em desafio:
“Basta,
Senhor! De teu potente braço /Role através dos astros e do espaço /Perdão p'ra
os crimes meus! /Há dois mil anos eu soluço um grito... /escuta o brado meu lá
no infinito, /Meu Deus! Senhor, meu Deus!!./”
E, em outro longo poema,
Navio Negreiro, descreve a viagem dos futuros escravos pelos mares, sem conforto, sem perspectiva de
sobrevivência. Seus versos finais são arrasadores:
“Senhor Deus dos desgraçados! /Dizei-me
vós, Senhor Deus,/Se eu deliro... ou se é verdade/ Tanto horror perante os
céus?!... /Ó mar, por que não apagas /Co'a esponja de tuas
vagas /Do teu manto este borrão? /Astros! noites!
tempestades! /Rolai das imensidades! /Varrei os mares, tufão! ..”
Castro Alves morreu com 24 anos. Uma perda
irreparável. O poeta dos escravos. O dia dedicado à poesia é o dia do seu
nascimento.
MANUEL BANDEIRA
Manuel Bandeira (1886 –
1968) - Outro poeta inesquecível que
honra a cultura poética do Brasil. Não foi um Castro Alves, mas deixou sua
marca contra o racismo neste poema, tão singelo como dignificante:
Irene no céu:
“Irene preta / Irene boa/ Irene
sempre de bom humor. /Imagino Irene
entrando no céu: /- Licença, meu branco! /E São Pedro bonachão: /- Entra, Irene. Você não precisa pedir
licença.Mas,
neste relampejo dos belos poetas brasileiros, ainda existe tantas outras
composições poéticas de destaque, mas não se pode esquecer da Estrela da Manhã:“Eu
quero a estrela da manhã
/Onde está a estrela da
manhã? /Meus
amigos meus inimigos/Procurem a estrela da manhã /Ela desapareceu ia
nua/Desapareceu com quem?/Procurem por toda à parte.
E
continua no texto franco e decidido:
“Te
esperarei com mafuás, novenas, cavalhadas
/comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples/Que tu desfalecerás”
/comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples/Que tu desfalecerás”
E
finaliza, enfático:
“Procurem
por toda à parte
/Pura ou degradada até a
última baixeza /Eu
quero a estrela da manhã.
Meus poetas favoritos
ResponderExcluirConheci Drummond pessoalmente. Poema mais verdadeiro: .. Eu, Etiqueta....
ResponderExcluirEm minha calça está grudado um nome que não é meu.../ É duro andar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade ...../ Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
O amor não busca agradar a si mesmo,
ResponderExcluirnem destina qualquer cuidado a si próprio,
mas se dá facilmente ao outro e
constrói um Paraíso no desespero do Inferno.
Assim como as águas mansas do rio procura seu leito, meu coração ainda busca seu amor perdido na imensidão do tempo.
ResponderExcluirQuando eu te chamo é porque estou sentindo sua falta, quando eu não chamo, é porque estou esperando você sentir a minha. Quem eu amo nem sempre está junto a mim, mas está sempre no meu coração.
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