Na criação artística não existem regras. Há bom
gosto. Há estética na demonstração de qualquer expressão, assim como existe
calor no gelo.
As academias literárias
podem oferecer comentários sobre os vários formatos de textos produzidos em
suas oficinas. Comentar implica em levantar visão crítica, alertar quanto aos
desafios na criação artística e evitar descaminhos. Na criação artística não
existem regras. Há bom gosto. Há estética na demonstração de qualquer
expressão, assim como existe calor no gelo. Cada época e cada região também
retratam as suas preferências e seus modismos. E isto faz história.
Os gêneros literários ainda
seguem a orientação dos gregos:
- ÉPICO– (em todos os formatos narrativos);
- LÍRICO (com todas expressões da poesia);
- DRAMÁTICO (envolvendo todas as manifestações em teatro).
SOBRE O CONTO LITERÁRIO
É um formato literário do
gênero narrativo, expresso em texto curto, breve e objetivo. Para autores
principiantes? Composição fácil? Nem sempre.
O autor tem que ter, logo
na introdução, a habilidade de prender o leitor na delegacia das palavras
iniciais, tais como: “o maridão pulou a cerca”, “cachorro fez mal à moça”, “a
Candinha já não era virgem”, etc. Daí para frente, não deixá-lo escapar no meio
da historieta. Deve cozinhar o leitor no panelão do enredo. Para isso, usar
palavras do cotidiano, evitar demonstrar complexo de inteligência e não
enrolar.
Ao final, despertá-lo do
transe da leitura com alguma surpresa. Surpresa? Sim. Um final que psicologicamente
poderia decorrer da narrativa, mas que não tenha sido imaginado pelo amigo
leitor. Isso mesmo. O autor estabelece uma conversa com o leitor e leva-o por
uma direção natural, até que vai acontecer uma conclusão inesperada. Essa
relação amistosa com o leitor é uma ponte para convidá-lo a iniciar uma nova
viagem na história seguinte.
O DNA do conto é a lenda, a
fábula, a anedota.
OUTROS FORMATOS NARRATIVOS
- Lendas trazem histórias que vêm de épocas passadas e trazem mensagens de acontecimentos imaginários. Os contos de fada, por exemplo, Branca de Neve, O patinho feio etc.
- Fábula é uma criação para demonstrar uma posição de comportamento ou moralidade. Dá voz às cigarras e às formigas. Também acode a argumentação do lobo em relação ao cordeiro. “Como posso sujar a água que você está bebendo aí em cima, se eu estou cá em baixo?”
- Anedota é o humor a qualquer preço vocabular. Liberdade para utilizar quaisquer palavras da prateleira de baixo para criar situações inusitadas, construindo o ridículo somente para fazer rir.
- Dissertação, tão queridinha dos vestibulandos? Um tema solto no espaço, dependurado ao sabor dos ventos. O vestibulando fica emperrado no meio do caminho. O tema proposto deve receber tratamento que defina posicionamento imediato. Dissertação a favor, contra ou coluna do meio? Eis a questão. Conta-se que um articulista foi solicitado a fazer uma dissertação sobre Deus, mediante remuneração. Tudo combinado. Quando o solicitante ia saindo, o articulista se lembrou de perguntar: Escrever contra ou a favor?
- Cartas, no modelo epistolar – A comunicação empresarial, os e-mails, os recibos e os relatórios. Histórias podem ser contadas em cartas, como O tigre Branco do indiano Aravind Adiga.
- Diários – mais ou menos íntimos e confidenciais. Goethe usou do formato de diário para editar o romance Werther, precursor do romantismo na Alemanha e que emocionou o mundo literário.
Ainda, o ensaio envolve uma tese, um desafio, um “cqd” – como
queríamos demonstrar num teorema matemático, filosófico, religioso, policial,
político etc.
Sobraram a novela, a
biografia, a crônica e o romance de ficção para estudo em separado, para se ter
uma visão geral do gênero narrativo ou épico, segundo os gregos. Tais formatos
são muito frequentes entre as manifestações literárias na atualidade.
Não existem barreiras para
a criação artística de modo geral, bem como para a literatura. Cada dia,
composições mais curtas, linguagem simples, bem como modelos importados.
Utilização de abreviaturas constantes nas comunicações da internet ou
smartphones. Essa a futurologia literária. A disponibilidade do tempo das
pessoas diminui e vai obrigá-las a aproveitar essa simplificação como meta
principal, mesmo que seja com prejuízo de valores tradicionais.
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